O governo da Nicarágua pediu que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) envie uma missão, o mais rapidamente possível, para investigar as mortes de pelo menos 50 pessoas nos protestos que há um mês ocorrem em todo o país.
O pedido foi publicado hoje (14), no Twitter, pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luís Almagro. A CIDH é um órgão autônomo da OEA, cuja função é promover e proteger os direitos humanos nos 35 países do continente americano.
A investigação de uma organização internacional independente foi uma das condições da Igreja Católica para mediar um diálogo entre manifestantes e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.
Os protestos tomaram conta das ruas da Nicarágua desde o dia 18 de abril. Os bispos do país exigiram que o governo acabe com a repressão, desmantele os grupos paramilitares e aceite a visita de uma missão da CIDH. Ortega tinha prazo até o meio-dia de hoje (14) para dar um sinal “concreto” de que aceitava essas propostas.
Fim de semana de violência
A resposta de Ortega chega depois de um fim de semana de violência. O estopim dos distúrbios – os mais violentos desde o fim da guerra civil em 1990 – foi a reforma da previdência, que o governo acabou revogando, sem conseguir acalmar os ânimos.
Jovens universitários, agricultores e até empresários se uniram aos protestos contra Ortega, que, em 2016, conquistou seu terceiro mandato consecutivo.
Daniel Ortega, líder da Revolução Sandinista que, em 1979, derrubou a ditadura de Anastásio Somoza, tem sido acusado pela oposição (e também por ex-aliados) de querer instalar uma dinastia política na Nicarágua, parecida com a que ele combateu quando era guerrilheiro de esquerda. A mulher dele, Rosario Murtillo, é sua vice e porta-voz.