Taís Araújo é um furacão. Usando um vestido longo de Diane von Furstenberg laranja florido, salto alto, cabelo solto e volumoso, ela esteve presente em um evento patrocinado pela rede de joias Morana para falar sobre empreendedorismo feminino na Faculdade Belas Artes, em São Paulo, nesta terça-feira, 14.
Conhecida pela sinceridade nas redes sociais, Taís se diz em uma fase muito feliz da vida profissional e pessoal. Atualmente, ela vive a diva Michele na produção Mister Brau e também a camareira Camae na peça No Alto da Montanha. Em ambas, a atriz de 39 anos divide as atenções com o marido, o também ator Lázaro Ramos.
“Nós demos sorte. Temos uma química boa e ainda fazemos papeis com os quais nos identificamos e que falam sobre o que acreditamos”, disse, em entrevista ao E+ pouco antes de ser chamada ao palco. “São papéis que nos realizam muito artisticamente”.
Por isso, diz ela, o peso de trabalhar juntos não é tão grande – o que não significa que ela e Lázaro formem o casal perfeito. “A gente não é tão legal assim, né? São 13 anos de casamento, vivemos as dificuldades disso como qualquer casal”, dispara, bem humorada.
Entre 2007 e 2008, os dois passaram cerca de sete meses separados. “Éramos muito novos, a vida dos dois estava mudando. A gente se gostava, mas não estava bom”, reflete. “Voltamos meses depois com um novo contrato. Acredito muito nisso. Se nós vamos mudando, por que não colocar novas cláusulas na relação?”, diz.
Taís também falou sobre a recente polêmica envolvendo a nova novela das nove da Rede Globo, Segundo Sol – que, embora seja ambientada na Bahia, tem poucos atores negros escalados para atuar. “A internet deu voz a quem antes não era ouvido. Se essas pessoas não estão se sentindo representadas, elas têm o direito de opinar e o outro lado [a Rede Globo] precisa ouvir, como ouviu e reconheceu o problema”, disse ela, que enxerga na situação toda um movimento natural.
“Temas como racismo, empoderamento feminino, tudo isso era falado antes, mas não era público. Agora é. E o mercado [do entretenimento] precisa ouvir essa demanda ou vai acabar quebrando”, avalia.
Maternidade
Durante o evento, mediado pela apresentadora Mônica Salgado, Taís ainda lembrou do nascimento do filho, João Vicente, hoje com seis anos. “Ele teve icterícia. A médica disse que ele ficaria internado e eu voltaria para casa. Na hora eu falei: ‘Mas não vou mesmo!'”.
Ela, que também é mãe de Maria Antônia, de três anos, disse que se sentiu fragilizada com a maternidade. “Aquela leoa que eu lia e ouvia as pessoas falando, eu não tive. Não deu para mim”, revela.
Representatividade
Taís também falou a respeito do empoderamento feminino e da maior representatividade que as mulheres negras estão buscando ter no mercado de trabalho – especialmente no mercado de entretenimento. “Essa nova geração que está aí já sabe o que quer. É uma mudança acontecendo”, acredita. “Nós, mulheres, queremos ver as nossas histórias contadas por nós. Nós, mulheres negras, queremos ver as nossas histórias contadas por nós. Queremos nos sentir representadas de fato”, afirma.
Essa demanda, acredita ela, é a responsável por dar mais liberdade aos atores e atrizes para contribuir na hora de interpretar um papel. “Somos todos autores daquela obra. Hoje, temos liberdade de colocar nossa identidade e experiência como atriz e conversar com o autor ou o diretor [sobre como desenvolver um personagem]”.
O evento ainda contou com a presença de Érica Zanotti, à frente do Instituto Consulado da Mulher, ação social da Consul que colabora para fomentar o empreendedorismo feminino no Brasil; e Bela Gregório, produtora cultural, fotógrafa, grafiteira e idealizadora do Projeto Efêmmera, que dissemina a cultura de rua feita por mulheres.