É realmente difícil pensar que Ozzy Osbourne vai se aposentar dos palcos. Afinal, aos 69 anos e há quase 50 na estrada, o cantor britânico ostenta uma energia de invejar qualquer jovem. Ozzy corre pelo palco, “bate cabeça”, se diverte e canta com a voz peculiar e potente os clássicos que marcaram sua carreira solo e no Black Sabbath. Conclama o público com seu chamado – “let me here you scream!” – e é atendido com berros acalorados. Foi assim, mais uma vez, em sua terceira e provavelmente última passagem por Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira (18).
A apresentação na Esplanada do Mineirão integra a agenda que seria a última do madman, como sugerido pelo nome “No More Tours 2” – em referência ao sucesso “No More Tears”, um dos grandes momentos do show.
Muito bem acompanhado por seu exímio guitarrista e fiel escudeiro Zakk Wylde e também pelos “monstros” Tommy Cluefetos (bateria) e Adam Wakeman (teclados), Ozzy desfilou uma trajetória honrosa na música pesada.
De “Bark at The Moon” (que abriu o show após a introdução com “O Fortuna”, de Carl Off) a “Crazy Train”, de “I Don’t Know” a “Shot In The Dark”, foram quase duas horas de um show enérgico, que também contou com hinos do Sabbath como “Fairies Wear Boots”, “War Pigs” e Paranoid”. Entre uma e outra “pedrada”, o Príncipe das Trevas gargalhava, batia palmas e saudava o público mineiro.
Tendo em vista a magnutide artística de Ozzy e o fato de ser seu último show na cidade, a plateia de Belo Horizonte reuniu entusiasmados “headbangers” de todas as idades, muitos em família. Era o caso da psicóloga Ana Paula Roland, 41, que levou o filho Guilherme, de dez anos. “Viemos lá de Diamantina. Este é o primeiro show dele. O pai ama rock”, comentou. O médico Ronaldo Álvares, 49, que levou o filho Lucas, 11, lembra a importância do cantor. “Ozzy é o começo da história. É com ele e com o Black Sabbath que o metal começou”.
Espectador ilustre, Silvio Gomes, produtor e técnico de som, que trabalhou por décadas com o Sepultura, marcou presença em mais um show de Ozzy para sua lista. “Tive a chance de conhecê-lo nos Estados Unidos, em 1992, numa turnê do Sepultura com ele e o Alice Chains. É o Ozzy, cara. O vocalista do Black Sabbath. Não precisa dizer mais nada”, afirmou, puxando a orelha de quem deixou de ir ao show. “Quem não veio perdeu a chance de ver um dinossauro do rock dando seus últimos passos”. (Hoje em Dia)