A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) afirmou nesta quinta-feira que a paralisação de caminhoneiros está afetando o abastecimento de medicamentos no país. O principal mercado, a cidade de São Paulo, ainda não sente os impactos, mas há dificuldades maiores em Minas Gerais, no Paraná e no Rio de Janeiro, conforme afirmou o presidente da entidade, Sergio Mena Barreto.
A Abrafarma afirma que as varejistas transportam diariamente de seus centros de distribuição às lojas uma quantidade de 6,3 milhões de unidades de medicamentos. Esse volume equivale a transportar por dia em torno de 1% de tudo o que as varejistas venderam no primeiro trimestre de 2018. Considerando o faturamento da Abrafarma no trimestre, esse volume de unidades corresponde a R$ 120 milhões em vendas circulando diariamente nos caminhões.
Os prejuízos com a greve, no entanto, tendem a ser menores. Segundo Barreto, uma parte desse volume de unidades transportadas diariamente tem, sim, conseguido chegar às lojas.
Uma das preocupações no abastecimento das farmácias é com os medicamentos chamados “termolábeis”, que precisam ser mantidos sob refrigeração. A Abrafarma diz que, com veículos parados nas estradas, tem sido impossível manter estável a temperatura desses medicamentos.
Ainda segundo a entidade – que pediu aos grevistas a continuidade do abastecimento de medicamentos – transportadores que levavam produtos até as farmácias chegaram a ser hostilizados nesta quarta-feira, com veículos apedrejados. Negociações têm sido feitas junto ao movimento grevista para permitir que alimentos e medicamentos possam passar pelos bloqueios e chegar ao mercado consumidor, diz Barreto.
A Abrafarma representa os grandes grupos do varejo farmacêutico, incluindo empresas como RD (Raia Drogasil), DPSP (Pacheco e São Paulo) e Pague Menos. Segundo a entidade, as redes afiliadas estão presentes em 90% do território brasileiro.
A crise de abastecimento atinge o varejo farmacêutico num momento de enfraquecimento nas vendas. A Abrafarma reportou aumento de 6,27% nas vendas de janeiro a março deste ano, ritmo equivalente à metade do que o setor crescia nos mesmos meses do ano passado.