O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou nesta quinta-feira (24) a reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong-un. O encontro estava previsto para acontecer em 12 de junho, em Singapura. O anúncio acontece no dia em que a Coreia do Norte anunciou o desmantelamento completo do seu centro de testes nucleares.
“Eu estava muito ansioso para me encontrar com você”, disse Trump em uma carta dirigida ao líder norte-coreano, que foi divulgada pela Casa Branca. “Infelizmente, com base na enorme raiva e hostilidade aberta exibida em sua declaração mais recente, sinto que é inadequado, neste momento, ter essa reunião planejada há muito tempo”, afirmou.
“Por favor, deixe esta carta servir para representar que a cúpula de Singapura, para o bem das duas partes, mas para detrimento do mundo, não será realizada”, afirmou Trump na carta.
“Você fala de suas capacidades nucleares, mas as nossas são tão grandes e poderosas que eu rezo a Deus para que elas nunca tenham que ser usadas”, acrescentou Trump.
A Coreia do Norte ainda não comentou o cancelamento do encontro.
Reaproximação em 2018
Depois da chegada de Trump à presidência dos EUA, a Coreia do Norte iniciou uma série de testes de mísseis balísticos e nucleares que provocaram reações enérgicas de Washington e de Seul, novas sanções internacionais, além de provocar o temor de uma guerra na região.
Em janeiro, Kim mostrou abertura para dialogar com a Coreia do Sul durante seu discurso de Ano Novo. O ditador norte-coreano enviou uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno, realizados em fevereiro, em PyeongChang, na vizinha do Sul.
Em 27 de abril, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e Kim Jong-um se encontraram e se comprometeram a assinar um acordo de paz para acabar com a guerra entre os países ainda em 2018. O pacto vai substituir o armistício de 1953. O encontro foi visto como uma espécie de preparação para o encontro de Kim e Trump.
Pouco tempo depois, o então diretor da CIA e atual secretário de Estado americano, Mike Pompeo, viajou para a Coreia do Norte, onde teve um encontro secreto com Kim Jong-un, mostrando um avanço nas relações entre os dois países. Ele voltou de lá com três americanos que tinham sido detidos por Pyongyang por suspeita de atividades anti-estatais.
Na carta divulgada nesta quinta, Trump agradece pela libertação dos americanos: “Quero agradecê-lo pela libertação dos detidos que agora estão em casa com suas famílias. Aquele foi um bonito gesto e foi muito apreciado”, afirma o presidente na carta.
Mudança de tom
Porém, na semana passada, a Coreia do Norte suspendeu as conversações de alto nível com a Coreia do Sul, citando como motivo exercícios militares conjuntos de Seul com os EUA. O governo norte-coreano vê os exercícios como um treino de invasão do seu território e uma provocação em meio à melhora de relações entre as duas Coreias.
O regime de Kim Jong-un já tinha colocado em dúvida realização da cúpula prevista com Trump. E, nesta terça (21), Trump disse que o encontro histórico poderia atrasar ou não acontecer caso certas condições não sejam cumpridas – embora não tenha explicados que condições seriam estas.