As estações do metrô de Belo Horizonte foram fechadas às 9h30 desta terça-feira. Em greve, os metroviários decidiram ontem que os trens só vão circular das 5h30 às 9h30 a partir de hoje, descartando a proposta do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de manutenção de 100% dos serviços entre 16h30 e 20h. Um trem saiu às 9h30 da Estação Vilarinho e outro, no mesmo horário, da Estação Eldorado, para pegar os últimos passageiros do dia nas estações.
Na Estação São Gabriel, Região Nordeste de BH, o impacto da paralisação do metrô é bem pequeno. Poucas pessoas foram surpreendidas e estão buscando suprir a falta do transporte com ônibus. É o caso do desempregado Ivan Santos Filho, 19 anos, que foi até as plataformas do Move para tentar chegar às 11h em uma audiência no Juizado Especial Criminal, na Via Expressa. “Espero que eu consiga chegar no horário. Vou ver se passa algum ônibus perto”, diz ele.
“Foram cerca de 300 trabalhadores que, diante da falta de propostas da empresa que atendam a categoria, decidiram então pela greve. Amanhã (terça-feira) teremos nova assembleia ao meio-dia para avaliar a situação. A CBTU entrou com pedido de medida cautelar e vamos aguardar o julgamento do TRT”, explicou ontem o diretor jurídico do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG), Robson Zeferino Gonçalves.
De acordo com o sindicalista, em caso de ordem judicial determinando a operação do metrô além do horário de pico matinal, a questão será colocada para análise dos trabalhadores, que podem ou não acatar uma possível liminar nesse sentido. “Não tivemos avanços na audiência de conciliação, pois sequer foi apresentada uma proposta oficial da CBTU. Quanto à escala de funcionamento, o TRT propôs 100% dos trens rodando de 5h30 às 9h e de 16h30 às 20h, e entre 9h e 16h30 com 50% da capacidade. Isso não é greve e os trabalhadores recusaram tal escala”, assinalou.
Segundo Robson Zeferino, a categoria reivindica o INPC de 2017/2018, em torno de 4,9%. “Em julgamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), foi sugerido índice de reajuste de 3,98%. Já a CBTU, não oficialmente, sugeriu 80% do INPC de 2017/2018, que representa 3,26% de aumento. Nem foi oficializada a proposta, pois o TST já reconheceu um índice superior”, avaliou.
O sindicalista destaca que a empresa, além de não considerar o INPC cheio, quer cortar 13 itens conquistados em acordos coletivos anteriores. “Estamos há dois anos sem reajuste e querem ainda tirar conquistas dos últimos 30 anos. Vamos para a greve”, afirmou Zeferino. Ninguém da CBTU foi encontrado para falar sobre o movimento grevista.