A Câmara dos Deputados da Espanha aprovou nesta sexta-feira (1º) a moção de censura contra o governo de Mariano Rajoy, do Partido Popular, e o líder socialista, Pedro Sánchez, se tornará o novo chefe de governo espanhol. Após ser indicado pelo rei, ele tomará posse formalmente.
A moção de censura recebeu 180 votos a favor, 169 contra e apenas uma abstenção. Abalado por casos de corrupção do seu partido, Mariano Rajoy reconheceu mesmo antes da votação que seria derrotado.
“Podemos presumir que a moção de censura seguirá adiante. Em consequência, Sánchez será o novo chefe de governo. Serei o primeiro a felicitá-lo”, declarou. “Foi uma honra ser o chefe de governo e deixar uma Espanha melhor do que encontrei. Sorte a todos vocês pelo bem da Espanha”, afirmou.
Desgaste
Rajoy é um veterano de 63 anos, que estava havia 11 anos no poder. Nesta época, o Partido Popular ganhou as eleições e tirou o poder das mãos do Partido Socialista, que estava no poder com José Luis Rodríguez Zapatero.
O conservador ocupou vários cargos na política espanhola. Recentemente, sobreviveu à pior crise política em quatro décadas – o desafio separatista catalão. Porém, vinha pressionado pelos escândalos de corrupção envolvendo o seu partido, embora não tenha sido condenado diretamente.
O principal processo foi o chamado caso Gurtel, conhecido como a Lava-Jato espanhola, que desde 2009 investigava um esquema de caixa dois dentro do Partido Popular. Na semana passada, a Audiência Nacional, a mais alta corte da Justiça espanhola, encerrou a primeira fase do caso, condenando a sigla por corrupção ativa a pagar uma multa de € 250 milhões, de acordo com a Rádio França Internacional (RFI).
A decisão da Câmara desta sexta surpreende, porque até semana passada Rajoy tinha apoio da maioria. Porém, aos poucos, os apoiadores de Rajoy foram ficando isolados e também constrangidos por sustentar o governo de um partido que foi formalmente acusado de corrupção pela Justiça.
Na tarde de quinta (31), foi confirmado que a maioria dos deputados da Câmara Baixa – 180 de um total de 350 pertencentes a oito forças políticas – apoiavam a moção de censura, apresentada por Pedro Sánchez.
Desafio socialista
Sánchez já reconheceu que terá dificuldades em sua ação de governo, segundo a France Presse. Mas, com um tom otimista, reiterou o “compromisso com a Europa” e prometeu “estabilizar socialmente este país”, priorizando políticas a favor do meio ambiente e de igualdade entre homens e mulheres.
Também reiterou a oferta de diálogo ao governo separatista da Catalunha, que assume oficialmente nesta sexta-feira. O gesto permite prever a retirada da tutela imposta à região desde outubro, em consequência da tentativa frustrada de secessão.
“Este governo quer que a Catalunha esteja na Espanha e escutará a Catalunha”, declarou o líder socialista.
O que acontece agora
Com a aprovação da moção de censura, Sánchez é aclamado pelo parlamento sucessor de Rajoy. A presidente do Congresso, Ana Pastor, comunicará o resultado ao rei Felipe VI, e o governo atual também deverá apresentar sua renúncia ao monarca, como estabelece a Constituição.
Depois disso, o rei indicará Sánchez como novo chefe de governo. A posse dele perante Felipe VI poderia acontecer já no sábado (2).