O socialista Pedro Sánchez, tomou posse oficialmente neste sábado (02/06) como presidente do governo da Espanha, diante do rei Felipe 6° e na presença de seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy.
Na cerimônia, celebrada no Palácio da Zarzuela, em Madri, Sánchez prestou juramento sem fazer uso da Bíblia e do crucifixo, como é tradicional na Espanha. A opção de abrir mão dos símbolos cristãos na posse existe desde julho de 2014, tendo sido criada pouco depois da proclamação de Felipe 6°.
Líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez é um economista de 46 anos, sendo o primeiro chefe de governo que chega ao cargo depois de ganhar uma moção de censura, que derrubou nesta sexta-feira o líder do conservador Partido Popular (PP), Mariano Rajoy.
O episódio foi desencadeado por uma condenação de uso de caixa 2 por políticos do PP. Por uma peculiaridade da Constituição espanhola que visa evitar vácuos de poder, o autor de um pedido bem-sucedido de moção de censura pode ser nomeado novo chefe de governo.
Para derrubar Rajoy era necessário o apoio de 176 deputados – o socialista conseguiu 180. Em 2015, Sánchez chegou a dizer que o rival não era um político “decente”, por causa dos casos de corrupção protagonizados nos últimos anos por seus correligionários.
O novo premiê, vai ser o terceiro socialista a comandar o governo espanhol desde 1977, na era pós-Franco. No poder, vai liderar um governo de minoria e provavelmente terá que procurar apoio de outros grupos políticos e ainda acomodar as exigências de partidos menores que apoiaram sua moção contra Rajoy.
Por décadas, a política espanhola foi marcada pelo bipartidarismo. O PSOE e o PP dividiam entre si largas fatias do eleitorado. Até 2011, por exemplo, as duas legendas acumulavam 84% dos votos e 92% dos mandatos parlamentares. No entanto, o sistema começou a ruir quando milhões de eleitores debandaram para novas legendas, como o Podemos e o Cidadãos. Hoje a política espanhola está dividida em pelo menos quatro forças e legendas nacionalistas nanicas viram seu poder de barganha aumentar em meio às disputas políticas.
O partido de Sánchez, o PSOE, só conta com 84 dos 350 deputados da Câmara. O Senado, por sua vez, é dominado pelo PP. A moção do socialista chegou a receber o apoio do partido de esquerda Podemos, que tem 69 deputados, mas a convivência entre as duas legendas promete não ser tranquila, segundo aponta a imprensa espanhola, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.
A convivência também deve ser difícil com o partido Ciudadanos (Cidadãos), que se opôs à moção e conta com 32 deputados. A legenda liberal tem apresentado bons números nas pesquisas eleitorais e exige eleições antecipadas antes do fim da atual legislatura – e consequentemente ante do término do mandato de Sánchez como premiê –, que deve ser encerrada em 2020.(MD/efe/lusa/dpa/ap)