O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,4% em maio, registrando uma aceleração em relação aos 0,22% de abril, segundo divulgou nesta sexta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
IPCA em maio:
- Taxa no mês: 0,4%
- Acumulado no ano: 1,33%
- Acumulado em 12 meses: 2,86%
Segundo o IBGE, os maiores impactos no índice vieram dos preços de transportes e energia, com a gasolina respondendo, sozinha, por 0,15 ponto percentual (mais de um terço) da inflação no mês, devido o forte peso do item na composição do IPCA.
Os preços médio da gasolina nos postos subiram 3,35% no mês, enquanto o diesel aumentaram 6,16%, segundo a pesquisa. No ano, a gasolina acumula alta de 6,82%, e o diesel, de 10,43%.
Em 12 meses, os preços dos combustíveis tiveram alta de 19,59%. A gasolina foi a que mais subiu neste período – em média, ficou 21,48% mais cara no país. Já o diesel acumulou aumento de 19,78% em um ano, o etanol 12,18%, o gás de cozinha 13,04%, e o GNV 13,84%.
Com essas variações, o impacto destes itens na inflação oficial em 12 meses foi de 0,81 p.p. da gasolina, 0,03 p.p do diesel, 0,11 p.p do etanol, 0,16 p.p do gás de cozinha e 0,02 p.p do GNV.
Inflação segue abaixo do piso da meta
No acumulado no ano, a variação até maio ficou em 1,33%, o menor patamar para um mês de maio desde a implantação do Plano Real, em 1994.
Em 12 meses, a inflação acumulada subiu para 2,86%, depois de registrar 2,76% nos 12 meses imediatamente anteriores. Mesmo assim, segue baixo do piso da meta do Banco Central, que é de 3%. “Já são 11 meses em que o acumulado em 12 meses fica abaixo de 3%”, destacou o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.
O IPCA de maio ficou acima do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,30% em maio, acumulando em 12 meses alta de 2,74%.
Entre os 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas “Artigos de residência” apresentou deflação em maio (-0,06%).
Variação do IPCA em maio por setor:
- Alimentação e Bebidas: 0,32%
- Habitação: 0,83%
- Artigos de Residência: – 0,06%
- Vestuário: 0,58%
- Transportes: 0,4%
- Saúde e Cuidados Pessoais: 0,57%
- Despesas Pessoais: 0,11%
- Educação: 0,06%
- Comunicação: 0,16%
Entre os alimentros, os destaques de alta foram a cebola (de 19,55% em abril para 32,36% em maio), a batata-inglesa (de -4,31% em abril para 17,51% em maio), as hortaliças (de 6,46% em abril para 4,15% em maio) e o leite longa vida (de 4,94% em abril para 2,65% em maio).
O IBGE destacou que pela primeira vez desde julho de 2014 o IPCA para serviços registrou deflação. A queda foi de 0,09% na comparação com abril puxada, sobretudo, pela queda nos preços das passagens aéreas (-14,71). Em 12 meses, a taxa para serviços foi de 3,32%, a mais baixa da série iniciada em 2012.
“Os serviços de modo geral vieram apresentando queda, ou uma certa estabilidade, possivelmente por conta da queda na demanda”, disse Gonçalves.
Impactos da greve
De acordo com o gerente da pesquisa, o IPCA de maio refletiu apenas “uma parcela” dos impactos da greve dos caminhoneiros. “A greve ocorreu na última semana da nossa coleta. Na maioria das situações, principalmente dos alimentos, a gente não encontrou os produtos, então não computamos os preços”, disse.
Entre as altas impactadas pela paralisação dos caminhoneiros já capturadas pela pesquisa do IBGE ele citou os preços da cebola e da batata, que tiveram alta, respectivamente, de 32,36% e 17,51% no mês.
A coleta de preços da pesquisa foi feita entre 28 de abril e 29 de maio em 10 regiões metropolitanas, além dos municípios de Aracaju, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Rio Branco e São Luís.
Segundo o gerente, os impactos da greve exercerão maior influência sobre o resultado do IPCA do próximo mês. “Para o levantamento de junho, nossa primeira remessa de coleta começou ainda na greve. Então, é possível que vejamos os reflexos dela nos preços dos produtos já no IPCA-15″, explicou.
O IBGE adiantou também que o índice de junho deverá ser impactado pela alta das contas de luz. Isso porque passou a vigorar no dia 1º a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que prevê acréscimo na cobrança de R$ 5 a cada 100 kWh consumido. Em maio vigorava a tarifa amarela, que acrescenta R$ 1 às contas a cada 100 kWh consumido.
Meta de inflação
A expectativa do mercado para a inflação em 2018 avançou de 3,60%, na semana retrasada, para 3,65% na última semana, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
O percentual esperado pelos analistas continua abaixo da meta que o Banco Central precisa perseguir para a inflação neste ano, que é de 4,5%. Entretanto, está dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema, que considera que a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 3% e 6%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 6,5% ao ano.
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, admitiu nesta sexta-feira (8) que os riscos inflacionários aumentaram e que isso será avaliado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
De acordo com ele, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira “pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária [definição dos juros para conter a inflação]”.
INPC varia 0,43% em maio
O IBGE também divulgou nesta sexta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência para reajustes salariais, subiu 0,43% em maio, acima da variação de 0,21% de abril.
No ano, o acumulado foi de 1,12%, menor nível em um mês de maio desde 2000, quando o acumulado foi de 0,83%. No acumulado dos últimos doze meses, o índice foi de 1,76%, ficando acima do 1,69% registrado nos 12 meses imediatamente anteriores.