O Ministério da Fazenda informou nesta terça-feira (12) que calcula em R$ 15,9 bilhões o prejuízo à economia provocado pela greve dos caminhoneiros.
Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuc, a estimativa de R$ 15,9 bilhões abrange todos os efeitos da crise para a economia, como a queda na produção industrial e na arrecadação tributária.
A categoria paralisou as atividades e fechou rodovias do país durante 11 dias no final de maio. Os caminhoneiros reivindicavam, entre outros pontos, valor mínimo para o frete e redução no preço do óleo diesel.
Durante a greve, houve crise de abastecimento em todo o país. Faltaram combustível nos postos de gasolina e alimentos em mercados e feiras.
Por escassez de querosene de aviação, aeroportos deixaram de funcionar. A greve também afetou serviços que dependem de locomoção nas estradas, como entrega de correspondências e transporte de cargas vivas.
O setor pecuário foi um dos principais atingidos pela paralisação. Sem possibilidade de receber ração, criadores tiveram que sacrificar animais. Produtores de leite jogaram fora milhões de litros que não puderam ser transportados para o consumidor.
Nas negociações para encerrar a greve, o governo federal entrou em um acordo com os caminhoneiros para reduzir em R$ 0,46 o preço do litro do diesel nos postos de combustível. O governo também prometeu para a categoria uma tabela com o preço mínimo do frete.
A tabela foi publicada, mas, diante da reclamação do agronegócio, que considerou os preços inviáveis, governo e caminhoeiros discutem novos valores.
Os efeitos da greve deverão ser sentidos no Produto Interno Bruto (PIB), que é o valor de todas as riquezas produzidas no país. Na última semana, analistas do mercado ouvidos pelo Banco Central projetaram pela primeira vez em 2018 um PIB menor que 2%. Todas as previsões anteriores eram acima desse patamar.
Conta ‘conservadora’
Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuc, os R$ 15,9 bilhões abrangem todos os efeitos da crise para a economia, como a queda na produção industrial e na arrecadação tributária. Ele acrescentou, contudo, que a conta é “conservadora”.
“Para chegar a esse valor, a gente usou diferentes metodologias. Não só olhando a indústria, mas o consumo de energia e também o que aconteceu na crise de julho de 1999, que houve uma crise de caminhoneiros naquela data, menor do que essa, mas que serve para balizar o que vai acontecer”, afirmou.
Kanczuc explicou que o cálculo da Fazenda é “uma conta conservadora” porque não considera a recomposição natural da atividade de alguns setores. Este é o caso da indústria automobilística, por exemplo, que trabalha com encomendas de maior prazo.
“Como o ciclo dessa indústria é de 2, 3 meses, eles têm que entregar o que prometeram há 2, 3 meses. Então, eles vão ter que recompor a produção trabalhando domingo, colocando mais trabalhadores, para compensar essa perda que aconteceu em maio. Nesse setor, em especial, a perda total depois de um ano vai ser nula”, avaliou.
“Esse valor de [quase] R$ 16 bilhões não está considerando esse comportamento, de que vai ser recomposto o que foi perdido durante a greve, então é uma conta conservadora. São, no máximo, R$ 16 bilhões”, concluiu.