SÃO PAULO – Enquanto a Advent International, a nova controladora do hipemercado Walmart no Brasil, mergulha na empresa para tentar encontrar formas de melhorar sua performance, uma das bandeiras do grupo americano no Brasil, o clube de compras Sam’s Club, aposta em novas tecnologias para garantir o crescimento de suas 27 lojas, espalhadas por 12 estados e no Distrito Federal.
A empresa passou a oferecer recentemente em todos os seus pontos de venda a opção de o cliente usar aplicativo que permite o registro pelo consumidor das mercadorias adquiridas. Com o conceito pick&go (escolha e leve, na tradução da expressão inglesa), o consumidor escaneia o código de barras do produto com o smartphone, passa pelo caixa, apresenta o comprovante que aparece na tela para o funcionário e faz o pagamento. Com isso, segundo Rodrigo Novelli, diretor de marketing da bandeira, a economia média de tempo na fila do caixa tem sido de 40%.
Além da compra mais rápida, Novelli conta que os clientes compram mais. O tíquete médio subiu 25% nos casos de uso do app. A lógica, ao usar esse tipo de tecnologia, é parecida com aquela do comércio eletrônico, diz. Com o smartphone em mãos, o cliente passa a se comportar como se estivesse diante do computador. Também influencia nesse crescimento do valor médio de compra o fator novidade. “Muitos ainda estão na fase da curiosidade e acabam se entusiasmando”, explica o diretor do Sam’s Club.
Outro facilitador nessa decisão de compra é que o aplicativo soma o valor de cada produto acrescentado ao carrinho. Assim, é possível controlar melhor os gastos. Nessa fase de lançamento do aplicativo, a rede tem limitado as compras a 20 itens, mas o objetivo, ainda sem prazo, é permitir número ilimitado de produtos nesse sistema de vendas.
O aplicativo foi desenvolvido no Brasil durante três meses. Depois, foram mais quatro meses de projeto-piloto na Grande São Paulo, onde fica a sede da companhia. Em maio, a tecnologia foi implantada em todas as unidades do estado e neste mês passou a ser oferecida nos demais estados e no Distrito Federal. Até agora, foram feitos cerca de 48 mil downloads da ferramenta.
Apesar da redução no tempo de fila, Novelli diz que não houve diminuição no número de funcionários nos caixas. “Eles ganharam novas habilidades. Agora, em vez de passar produto por produto, terão de ficar mais atentos ao que mostra o aplicativo”, diz o executivo.
Foi preciso dar novas atribuições aos funcionários, que fazem a checagem da nota fiscal e do carrinho na saída das lojas – fiscalização feita no método tradicional de compra. Agora, eles têm de ficar atentos também a um sinal na nota que diferencia a compra tradicional daquela feita por meio do app.
Novelli diz que ainda não é possível fazer uma projeção sobre como esse tipo de ferramenta vai evoluir e quando será possível entrar e sair de uma loja do Sam’s Club sem passar pelos caixas, apenas com o uso do smartphone para escolher produtos e pagar, como ocorre em parte do varejo dos Estados Unidos, o mais avançado do mundo.
“Estamos seguindo na direção de não ter mais caixas operados por pessoas no futuro. Isso vai depender da oferta de tecnologias muito sólidas que garantam a segurança e o conforto para o cliente”, afirma. Sobre possíveis mudanças de rota no Sam’s Club depois da mudança no controle, Novelli diz que não pode comentar. Segundo o diretor, são esperadas “mudanças positivas para evoluir”.