O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira (20), pela segunda vez consecutiva, manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado financeiro.
De outubro de 2016 a março deste ano, a chamada Selic foi cortada 12 vezes seguidas e chegou a 6,5%, o menor patamar desde o início do regime de metas para a inflação, em 1999.
Na reunião de maio, porém, o BC decidiu manter os juros neste patamar, o que encerrou o ciclo de cortes. A decisão ocorreu em meio à volatilidade no cenário externo que tem causado forte desvalorização do real frente ao dólar.
Em comunicado divulgado no início da noite desta quarta, o BC informou que a perspectiva de que a meta de inflação para este ano será cumprida justifica a manutenção da Selic em 6,5% ao ano (leia mais abaixo).
Para que serve a Selic?
A cada 45 dias, o Copom calibra o patamar da Selic buscando o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%. O sistema prevê uma margem de tolerância, para mais ou para menos. Por isso, a meta é considerada formalmente cumprida pelo Banco Central caso fique entre 3% e 6%.
Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, ela serve como referência para todas as demais taxas cobradas das famílias e empresas.
Quando a inflação está alta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito (financiamentos, empréstimos, cartão de crédito), freando o consumo e reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação cai.
O Copom reduz os juros quando avalia que as perspectivas para a inflação estão em linha com as metas determinadas pelo CMN.
A taxa é mantida quando o Copom identifica o cenário como positivo, mas identifica riscos para o cumprimento da meta de inflação no futuro.
Volatilidade e greve dos caminhoneiros
O Copom informou que, apesar da volatilidade no cenário externo e do aumento de preços causado pela greve dos caminhoneiros, a perspectiva é de que a meta de inflação, de 4,5% em 2018, seja alcançada, o que justifica a manutenção da Selic no patamar de 6,5% ao ano.
“Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, diz o comunicado.
O Copom informa ainda no documento que a greve dos caminhoneiros, que se estendeu por 11 dias durante o mês de maio, “dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica”.
“Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação”, diz o texto.
Com a paralisação dos caminhoneiros, houve falta de produtos em todo o país, o que fez seus preços dispararem. Foi o caso do gás de cozinha e dos combustíveis.
O BC avalia que, apesar de impactar a inflação no curto prazo, a greve não chegou a comprometer a perspectiva de crescimento da economia para este ano, mas que esse processo ocorrerá de forma “mais gradual”. Também não elevou o risco de não cumprimento da meta, uma vez que os indicadores de inflação seguem em “níveis baixos”.
“O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual. (…) O Comitê julga que, no curto prazo, a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. As medidas de inflação subjacente ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, avalia o Copom.