Deutsche Welle com EK/ap/dpa
Um grupo de 40 ciclistas chegou a Londres nesta sexta-feira (22/06), ao fim de uma viagem de cinco dias de bicicleta que começou em Berlim. A rota foi a mesma feita por crianças judias há quase 80 anos, quando conseguiram escapar do nazismo ao serem levadas de trem ao Reino Unido.
O mais velho deles é Paul Alexander, de 81 anos, uma das 10 mil crianças e adolescentes que embarcaram nos chamados Kindertransporte, iniciativa de uma organização britânica para salvar do extermínio pelos nazistas jovens judeus da Alemanha e outros países.
Em julho de 1939, os pais de Alexander o colocaram num desses trens que partiram da Alemanha em direção à capital britânica. Ele tinha apenas 18 meses.
“Tenho que agradecer a meu pai e minha mãe por terem me enviado sozinho. É impossível imaginar o que eles sentiram naquele momento”, afirmou o octogenário em entrevista à agência de notícias britânica Press Association (PA), ao chegar a Londres nesta sexta-feira.
Os pais de Alexander também conseguiram viajar ao Reino Unido mais tarde, e a família foi finalmente reunida. Ele viveu na capital britânica até os 24 anos.
“Eu tive sorte: reencontrei meus pais após três anos, tive uma boa vida na Inglaterra e depois me mudei para Israel, onde construí uma linda família. Minha vida tem sido maravilhosa”, celebra ele, enquanto muitas das crianças enviadas ao Reino Unido nunca mais viram seus pais.
O grupo de ciclistas partiu no domingo da estação de Friedrichstrasse, na capital alemã – onde uma estátua recorda as crianças que escaparam do extermínio nos Kindertransporte –, em cerimônia que contou com a presença do embaixador britânico e de representantes do governo alemão.
O destino final da viagem, promovida pela organização World Jewish Relief, foi a estação de Liverpool Street, em Londres, que também abriga um monumento semelhante. Várias pessoas aguardavam a chegada dos ciclistas na cidade.
Para refazer a rota que vivenciou ainda bebê, Alexander teve a companhia de seu filho, Nadav, de 34 anos, e seu neto, Daniel, de 14. “É um passeio que faço a cada 80 anos”, brincou ele, antes ainda de partir para a aventura de mais de mil quilômetros.
“Esta viagem, para mim, é uma viagem de vitória. De celebrar a boa vida”, afirmou ele no domingo. “Estou indo também em homenagem a meus pais, que tiveram a coragem e a visão de me salvar ao me mandarem para longe do Holocausto.”