Às vésperas das eleições, multiplicam-se no mundo dos smartphones os aplicativos voltados para fiscalização dos políticos brasileiros, denúncias de irregularidades no uso de dinheiro público e ajuda na escolha dos candidatos em 7 de outubro. Os eleitores têm ao alcance das mãos informações sobre gastos dos deputados federais e senadores, detalhes da atuação dos parlamentares no Congresso Nacional e ainda espaço para interagir com seus representantes.
Depois de “aterrorizar” as empresas, lojas e órgãos públicos brasileiros ao abrir espaço para os consumidores exporem sua insatisfação com alguma compra ou serviço, o site Reclame Aqui lançou no mês passado um aplicativo para identificar políticos corruptos e divulgar as acusações que pesam contra eles. Batizado de Detector de Ficha de Político, a plataforma está disponível nos sistemas Android e IOS e funciona por meio de tecnologia de reconhecimento facial.
Para ter acesso a um dossiê completo do político na tela do celular ou tablet, basta apontar a câmera para uma foto de sites, jornais ou revistas ou mesmo uma imagem na TV. O banco de dados do aplicativo apresenta informações sobre governadores, vices e deputado federais eleitos a partir de 2014, senadores eleitos desde 2010, presidentes e vices que estejam vivos e candidatos ao Palácio do Planalto e governadores que forem listados em pesquisas dos institutos Datafolha e Ibope.
Na segunda quinzena de julho será lançado o aplicativo Poder do Voto, disponível nos sistemas IOS, Android e Windows Phone. O objetivo é que o eleitor acompanhe o mandato dos deputados federais e senadores e receba informações sobre macrotemas escolhidos previamente. “Sempre que um projeto relacionado a esta escolha estiver em fase de votação, eles serão estimulados a manifestar suas opiniões”, explica o co-fundador do Poder do Voto, Paulo Dalla Nora.
Da mesma forma, o parlamentar terá uma versão própria do aplicativo para acompanhar a avaliação do internauta. “É uma oportunidade de o parlamentar saber como a base eleitoral está avaliando o seu trabalho”, completa Dalla Nora. O aplicativo vai listar os projetos em tramitação no Congresso com um resumo de 70 caracteres e um link para manifestações. De acordo com os idealizadores, pesquisas mostram que 15 milhões de usuários do Facebook são ativos politicamente. A ideia é atrair o maior número possível desses internautas.
Diante da experiência com o site OPS – sigla de Operação Política Supervisionada –, o gerente de tecnologia Lúcio Big lançou em 2016 o aplicativo OPS Fiscalize, que tem o mote de fiscalizar o uso da chamada verba indenizatória pelos políticos de “A a Z”, por meio da análise das notas fiscais dos gastos com correios, táxi, passagens aéreas e alimentação, entre outros. Ao verificar irregularidades, os responsáveis pelo OPS entram em contato com o parlamentar por meio de e-mails.
“Há colaboração do país inteiro. Criamos um formulário eletrônico para as pessoas preencherem e enviar um e-mail para o parlamentar. Então eles vão receber milhares de mensagens questionando o gasto”, conta o criador da plataforma, Lúcio Big. De acordo com ele, o objetivo é que o político devolva o dinheiro aos cofres públicos. Nos casos em que o apelo é ignorado, ele enviam comunicado para a Câmara ou Senado e fazem a d4
enúncia ao Ministério Público. A OPS tem mais de 4 mil colaboradores, que fazem trabalho voluntário.
ESTIMATIVAS Alguns aplicativos estão voltados especificamente para as eleições deste ano. O Vote 2018, por exemplo, vai trazer estimativas dos votos para a campanha presidencial. Idealizador do programa, Marcos Vinícius diz que a ideia é servir como um “termômetro” para as eleições deste ano e ainda receberá atualizações até outubro, além da inclusão de mais funcionalidades.
“No aplicativo é possível que o usuário simule uma votação através de uma tela que, em vários aspectos, se assemelha a uma urna eletrônica. Basta que seja inserido o número do candidato escolhido para que os dados do mesmo apareçam na parte superior da tela para confirmação do voto. Após a confirmação, será exibido o popular “barulhinho da urna” e o voto será finalizado e computado”, explica. Em outra tela também é possível que as pessoas vejam uma apuração parcial dos votos, onde são apresentados todos os candidatos com as seguintes informações: nome, foto, número, partido e percentual atualizado dos votos. Na tela inicial é exibida a hashtag do candidato que está na liderança dos votos computados.Já o Votar Brasil promete publicar informações sobre referendos, pesquisas e intenções de votos “sem qualquer tipo de influência de quaisquer partidos que seja”. No texto de abertura, a empresa de engenharia mineira que desenvolveu aplicativo avisa que os dados serão registrados na Justiça Eleitoral, conforme determina a Lei 9.504/97, que rege as eleições no Brasil.
A seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) lançou recentemente o aplicativo OAB Voto Legal, para que os eleitores denunciem irregularidades na campanha, como abuso econômico, propaganda ilegal e compra de votos, por meio de texto, foto, vídeo ou inclusão de documentos. Em 2016, a OAB já havia lançado aplicativo para fiscalizar as doações de campanha em todo o país, quando recebeu 723 mensagens.