Hoje em Dia
Pelo menos três animais silvestres são apreendidos por dia em Minas Gerais. Nos últimos três anos e meio, foram cerca de 3.600 bichos recolhidos em forças-tarefas de combate ao tráfico comandadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad). No período, as multas aplicadas passaram de R$ 9,9 milhões – sendo R$ 4,3 milhões somente de 2017 até o primeiro semestre de 2018.
Entre as espécies recuperadas estão canários-da-terra, trincas-ferro, azulões, curiós, tico-ticos e maritacas. A maioria das ocorrências foi registrada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde há maior densidade populacional e grande número de criadores amadores.
Os trabalhos de combate ficam por conta do Núcleo de Fiscalização de Recursos Faunísticos da Diretoria de Fiscalização de Recursos Faunísticos e Pesqueiros (Difap). Servidores do órgão atuam no atendimento às denúncias recebidas, averiguam os plantéis dos criadores, fazem blitze nas rodovias e investigações a partir de publicações na internet.
Além dos animais silvestres recolhidos, as operações apreenderam cerca de 1.600 materiais usados por traficantes
Desafios
A abundante fauna somada às fronteiras de Minas com outros estados é considerada um desafio para os agentes.
Segundo o coordenador do Difap, Diêgo Maximiano Pereira de Oliveira, o cenário facilita a atividade de traficantes de animais. No entanto, ele destaca que a quantidade de multas e apreensões tem sido satisfatória.
Os bichos apreendidos podem ser soltos imediatamente. Os que precisam ser medicados para depois voltarem ao habitat são encaminhados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde são identificados, avaliados e tratados. Depois, são devolvidos à natureza.
Criadores autorizados pelo órgão ambiental são acionados para cuidar dos casos que, por algum motivo, não possibilitam a soltura.
Rodovias que cortam o Estado, como as BRs 116, 251 e 040, por exemplo, são alvo constante de fiscalização por serem rotas do tráfico de animais
Riscos
Além de ser um crime, a retirada de um bicho de seu habitat natural pode provocar um desequilíbrio ambiental em cadeia. “Os animais silvestres cumprem importante papel ecológico. Diversas espécies são responsáveis por fazer a polinização de plantas. Outras, na proteção, manutenção, regeneração e recuperação do habitat, além do controle biológico de insetos, roedores e dos que podem vir a se tornar pragas devido à falta de predadores”, explica Diêgo Oliveira.
Há também risco de parte da fauna desaparecer. “É o caso do bicudo, que se tornou praticamente extinto em Minas Gerais devido a impactos sofridos por capturas de indivíduos naturais, entre outros problemas, como destruição de habitat e uso de agrotóxicos”, completa o coordenador.
Destaques
Dentre as operações realizadas, destacam-se as deflagradas nas regiões do Vale do Jequitinhonha e Nordeste de Minas, em 2015, e no Triângulo, em 2017.
A primeira, que recebeu o nome de Bicho do Mato II, possibilitou a apreensão de 880 animais silvestres e a aplicação de R$ 900 mil em multas. Participaram da ação servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em parceria com as polícias Civil e Militar de Meio Ambiente.<EM>
Já no ano passado, a Operação Triângulo de Prata II, recolheu 1.151 bichos, 12 alçapões, tarrafa e 76 anilhas avulsas. Foram atendidas cerca de 30 denúncias recebidas pelos órgãos do governo do Estado. As multas aplicadas chegaram a quase R$ 254 mil.