A esquerda chega ao poder no México, na maior e mais violenta eleição da história recente. Segundo dados preliminares, Andrés Manuel Lopez Obrador, conhecido como AMLO, foi eleito presidente com 53% do apoio do eleitorado – mais que a soma de votos obtidos pelo segundo e terceiro colocados, representando os dois partidos que há 100 anos governam o pais.
Na madrugada desta segunda-feira (2) – horas antes da seleção mexicana enfrentar a brasileira pelas oitavas de final da Copa do Mundo –, AMLO prometeu iniciar já a transformação no país, combatendo a corrupção e priorizando os povos indígenas e os mais humildes. Em seu primeiro discurso como presidente eleito, ele enviou mensagem para tranquilizar os mercados. “Vou manter disciplina financeira e fiscal”, disse.
AMLO disse também que vai rever alguns contratos com empresas privadas, mas somente para se certificar de que não há corrupção. Qualquer mudança, assegurou, será feita dentro da lei e com o apoio do Congresso. “Não apostamos em uma ditadura ou encoberta”, disse – um recado aos que passaram a campanha dizendo que, se ele fosse eleito, seguiria os passos da Venezuela.
Analistas políticos concordam que a vitória de AMLO – prevista por todas as pesquisas de opinião – é resultado da decepção dos 89 milhões de eleitores mexicanos com os partidos tradicionais, que foram incapazes de resolver os problemas de insegurança, desigualdade e corrupção. Desde 1929, o governista Partido Revolucionário Institucional (PRI), elegeu todos os presidentes mexicanos desde 1929 até 2000. O Partido Ação Nacional (PAN) liderou dois governos (2006-2012), quando o PRI recuperou o poder.
Esta é a terceira vez que AMLO se candidata à Presidência – mas nesta, além de ganhar, obteve votação histórica. José Antonio Meade, candidato do PRI, foi o primeiro a admitir a vitória, poucas horas após o fechamento das urnas. Os resultados de boca de urna davam a ele cerca de 16%, Ricardo Anaya, do PAN, tinha cerca de 22% – menos da metade de Lopez Obrador.
AMLO assumirá no dia 1º de dezembro e vai se reunir nesta terça-feira com o presidente Enrique Peña Nieto, para iniciar o processo de transição. Ele prometeu que sua principal meta será acabar com a corrupção e impunidade, instaladas no pais – e que não poupará ninguém – “nem companheiros de luta, funcionários, amigos e parentes…o exemplo começa em casa”, disse.
No governo dele, o México também adotará uma politica externa diferente – de não ingerência em assuntos de outros países. AMLO diz que quer ter uma boa relação com os Estados Unidos.