As equipes de resgate ainda procuram nesta quinta-feira (12) sobreviventes entre os escombros após as fortes chuvas que atingiram o oeste do Japão. Até o momento, 199 pessoas morreram e quase 60 estão desaparecidas.
Esta é a pior catástrofe meteorológica no país desde 1982 e provocou dúvidas sobre a avaliação de riscos ante fenômenos deste tipo no Japão. O governo já prometeu revisar seus protocolos.
As 72 horas críticas já passaram, admitiu Mutsunari Imawaka, funcionário da prefeitura de Okayama, uma das áreas mais afetadas, ao lado de Hiroshima. “Mas vamos continuar com as buscas, acreditando que ainda há sobreviventes”, disse.
As operações de limpeza e retirada de lama e terra pós os deslizamentos que sepultaram bairros inteiros prosseguem.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que cancelou uma viagem a quatro países, visitou na quarta-feira (11) a província de Okayama e na sexta-feira deve seguir para outras áreas afetadas pelas chuvas.
Abe não fez declarações à imprensa, mas se reuniu de modo privado com alguns moradores afetados. Milhares deles estão em refúgios públicos e outros seguiram para as casas de parentes.
Todos os depoimentos ouvidos pela AFP confirmam que a situação atual é algo fora do comum.
No bairro de Mabi, em Kurashiki, no município de Okayama, o nível da água chegou a 4,8 metros, segundo a Autoridade de Informação Geoespacial do Japão.
A meteorologia constatou índice recorde de pluviometria em 72 horas em 118 pontos de observação em 15 municípios.
Avaliação de risco
Os moradores não conseguiram abandonar suas casas a tempo e muitos questionaram os métodos de avaliação de risco, reconheceu o governo, muito criticado pela oposição pela maneira como administrou a crise, considerada lenta.
A célula de crise nacional, liderada pelo primeiro-ministro, só foi acionada no domingo (8), mas no sábado (7) à noite o balanço já era de 30 mortos.
Quase 70% do território japonês é formado por montanhas e colinas. Muitas casas estão construídas em encostas íngremes ou em planícies suscetíveis a inundações, ou seja, zonas de risco.
Além disso, muitas casas japonesas são de madeira, especialmente as construções mais tradicionais nas zonas rurais.
Mas os especialistas também apontam para o sistema de alerta japonês, que confia a funcionários locais sem experiência em gestão de catástrofes a decisão de emitir ou não as ordens de retirada, que não são obrigatórias.
A consequência é que os próprios moradores decidem se deixam suas casas ou ficam, em situações nas quais muitas vezes não possuem informações suficientes.