A Câmara do Rio discute, a partir de 14h desta quinta-feira (12), os dois pedidos de impeachment protocolados na Casa contra o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB).
A sessão extraordinária interrompe o recesso parlamentar que só acabaria no final do mês. A reunião em plenário só foi possível porque 17 parlamentares da oposição assinaram requerimento para que a Casa discutisse o impedimento de Crivella.
Horas depois do pedido oposicionista ser protocolado, mais 17 parlamentares – dessa vez da base governista do prefeito – assinaram um documento semelhante, para demonstrar “união” e o desejo de derrubar o impedimento.
Detalhes de como se dará o trâmite da sessão desta quinta ainda dependem de parecer da Procuradoria da Câmara. Inclusive, não foi esclarecido se os vereadores irão se pronunciar em plenário.
Há discussões, por exemplo, sobre a quantidade de votos necessários para a admissibilidade do impeachment. Isto é, se a denúncia deve ser aceita, antes mesmo de entrar no mérito das acusações.
A oposição diz que são necessários 17 votos, enquanto a Casa entende que são necessários 34.
No Diário Oficial da Câmara, o presidente da Casa, vereador Jorge Felippe (MDB), detalhou que a sessão será para “deliberar sobre recebimento das denúncias de infração político-administrativa contra o Excelentíssimo Senhor Prefeito”.
Os pedidos de impeachment contra o prefeito foram feitos após publicação do jornal “O Globo” revelar ter havido uma reunião secreta com pastores no Palácio da Cidade, sede do governo, em que o prefeito garantiu soluções para problemas com IPTU e agilidade para cirurgias de catarata.
Em áudio obtido pelo jornal, Crivella diz: “Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na prefeitura para esses processos andarem. Temos que dar um fim nisso”.
Estratégias da oposição e da base
O G1 ouviu membros da oposição que reconhecem a tarefa “muito difícil”, e da base do governo, que desejam uma “vitória sólida” para fortalecer a prefeitura, apesar do momento de “fragilidade”, nas palavras dos próprios aliados. Estes consideram o impeachment irrealizável.
“Não só porque faltam 48 horas. Mesmo que fosse até o fim do governo, não conseguiriam”, ironiza um importante membro do governo Crivella, na condição de anonimato.
A ideia, diz ele, é lotar o plenário com deputados favoráveis a Crivella para mostrar a força do governo. Mas o aliado reconhece que nem todos os 51 parlamentares devem aparecer em meio às férias.
Já Tarcísio Motta, do PSOL, não acredita que o governo tenha facilidade.
“Na votação da Previdência eles conseguiram 28 votos contra 20. A margem do governo foi pequena. A base está enfraquecida.”
Para correligionários do psolista, a votação vai depender também do “calor das ruas”.
Em entrevista coletiva na terça-feira, eles pediram várias vezes para que a sociedade civil participe da sessão na quinta e prometeram marcar atos em redes sociais.
David Miranda, também do PSOL, disse que vai pedir para que todos os vereadores – e não somente os que votarem pelo impeachment – defendam seu voto no púlpito.
Um outro parlamentar diz que a intenção é deixar “constrangidos” aqueles que defendam as atitudes do Executivo vistas como impopulares.