O presidente americano, Donald Trump, disse nesta terça-feira (17) que aceita a conclusão da Inteligência americana de que houve ingerência da Rússia nas eleições nos Estados Unidos, mas que o resultado final não foi influenciado.
A declaração foi dada um dia depois de Trump respaldar a afirmação do presidente russo, Vladimir Putin, de que a Rússia não interferiu nas últimas eleições americanas. Os dois líderes se reuniram nesta segunda em Helsinque, na Finlândia. O posicionamento de Trump foi criticado em análises da imprensa americana e por políticos democratas e republicanos, entre eles alguns de seus principais apoiadores, como o presidente da Câmara, Paul Ryan.
Trump disse nesta terça que tem total fé e dá total apoio às agências americanas de inteligência.
“Tenho fé e dou total apoio às agências americanas de inteligência. (…) Aceito as conclusões de que houve ingerência da Rússia nas eleições.” – Trump
O presidente também afirmou que precisava esclarecer uma frase dita em Helsinque. Trump disse que cometeu um erro com as palavras na entrevista conjunta com Putin. Segundo ele, na realidade, quis dizer que não viu razões por que não teria sido a Rússia que interferiu nas eleições americanas de 2016.
Segundo Trump, ele quis dizer “why Russia wouldn’t interfere” (porque a Rússia não iria interferir) e disse “why Russia would interfere” (porque a Rússia iria interferir), mudando assim o significado da frase e eliminando seu sentido negativo.
Trump afirmou ainda que sua administração irá agir de maneira mais agressiva para impedir qualquer esforço de influência nas eleições desse ano.
Na coletiva de imprensa em Helsinque, Putin afirmou: “tive que repetir o que já disse muitas vezes: o governo russo nunca interferiu e nunca vai interferir nos assuntos internos dos Estados Unidos, inclusive no processo eleitoral”.
Depois, Trump foi questionado sobre se acreditava em suas próprias agências de Inteligência ou no presidente russo, no que respondeu com a afirmação: “o presidente Putin diz que a Rússia não agiu assim. Não vejo razão para acreditar no contrário”.
Investigação
Trump sempre negou que a Rússia tenha interferido nas eleições de 2016, que o levaram à presidência dos EUA. No entanto, a CIA e o FBI já confirmaram o envolvimento de russos no processo eleitoral, inclusive indiciando cidadãos daquele país por hackearem computadores do Partido Democrata e prejudicarem a candidata Hillary Clinton.
Em fevereiro deste ano, 13 russos e três empresas daquele país foram indiciados por organizarem uma conspiração criminosa e de espionagem, e na última sexta-feira outros 12 indivíduos, membros da Inteligência militar da Rússia, foram indiciados por conspiração por hackear o comitê do Partido Democrata durante o período eleitoral.
Diversas pessoas ligadas à campanha de Trump foram acusadas de envolvimento com russos, mas Trump nega com veemência que tenha havido conluio – o que voltou a fazer nesta terça. Uma investigação sobre o caso está em andamento. Algumas pessoas já foram indiciadas e outras acusadas, como ex-assessores de sua campanha.
O próprio presidente está sob investigação em um inquérito conduzido pelo promotor especial Robert Mueller Jr. e a possibilidade de que seja convidado a depor não foi completamente descartada. Até o momento, nada foi provado contra ele especificamente, mas seus advogados já tentaram mais de uma vez impedir que a investigação prossiga.
Além disso, Trump demitiu James Comey, diretor do FBI, o primeiro responsável pela investigação.