Mexerico
O paulista Jefferson Barbosa tinha 19 anos e fazia curso técnico de enfermagem quando viu sua vida virar pelo avesso. O mesmo aconteceu com a paraibana Luiza Rabello, de 17, que estava fazendo intercâmbio em Barrie, Ontário, no Canadá. Anônimos que por conta de um vídeo na internet se tornaram conhecidos do Oiapoque ao Chuí ainda curtem
os 15 minutos de fama, mesmo que a contragosto. “Já vai fazer sete anos que essa história aconteceu e brinco que eu posso até tentar deixar de ser a Luiza do Canadá, mas ela nunca vai sair de mim. Virou quase que um sobrenome, uma marca. Vira e mexe alguém me reconhece, ainda mais na minha cidade”, revela Luiza que hoje tem 23 anos e acaba de se formar em Odontologia.
Em 2012, quando a garota estava fazendo intercâmbio no Canadá ela viu o seu nome surgir nos Trending Topics do Twitter (os assuntos mais comentados). Isso porque sua família tinha acabado de estrelar um comercial sobre um empreendimento imobiliário de luxo de João Pessoa. O pai, Gerardo, jornalista conhecido da cidade, é quem diz a fala que selou o destino da filhota: “Por isso fiz questão de reunir toda a minha família. Menos Luiza que está no Canadá”. “A coisa foi tão grande que isso foi em janeiro e era para eu voltar em março. Só que começaram a ir atrás da minha família lá no Canadá, para dar entrevistas e isso infringia as regras do intercâmbio. Acabei antecipando o retorno”, recorda.
De volta à Paraíba, Luiza se tornou uma celebridade no estado. Ela recebeu as mais variadas propostas. Desde a fazer ponta em videoclipe de música sertaneja a estrelar comercial de um açougue. “Mas eu só aceitei as coisas que tinham a ver com essa história. Palestra sobre viagens, intercâmbio. Vou te dizer que acho que nunca caiu a ficha do que realmente aconteceu”, revela.
Justamente por ser filha de uma pessoa conhecida em sua terra, Luiza Rabello sempre quis ficar longe dos holofotes. Tanto é que optou pela profissão da mãe, Patrícia. “Nunca tive essa intenção de ser famosa. Eu sempre fui muito crítica com essa questão da fama. Acho que a pessoa tem que ser famosa por fazer alguma coisa em que ela mostre seu talento. E não porque virou meme na internet”, ressalta.
Apesar de a família ter participado do comercial, eles não ganharam nenhum apartamento do empreendimento imobiliário. Mas Luísa deixou a sua marca no espaço. “Eu fui na inauguração há uns dois anos atrás e acabaram criando a Praça de Lazer: Luiza do Canadá”, revela.
PARA NOSSA ALEGRIA
Se Luiza foge da fama, o mesmo não acontece com Jefferson Barbosa, hoje com 25 anos, e que ficou conhecido como um dos irmãos ‘Para nossa alegria’, hit gospel que virou meme, ganhou versões de famosos como Thiaguinho, Luciana Mello, Jair Oliveira e Jair Rodrigues e até dos Simpsons. Sem contar um dueto entre o próprio Jefferson e a atriz norte-americana Jéssica Alba em um comercial de uma escola de idiomas.
Assim como o vídeo de Luiza do Canadá, a história aconteceu em 2012. Jefferson e a irmã mais nova Suellen, então com 17 anos, cantavam na igreja que frequentavam, a Assembleia de Deus, perto de onde moram, em São Paulo, e estavam procurando uma nova canção para ensaiar. Foi quando escolheram Galhos secos, composição de Osvayr Agreste, integrante da Banda Êxodos. No vídeo, os irmãos adolescentes cantam ao lado da mãe, Mara, sentados em um sofá, e, como se fizessem uma brincadeira para irritá-la, fazem caras e bocas, arrancando risos de quem os assiste. Em determinado momento, Jefferson se empolga e solta um altíssimo “Para Nossa Alegria”. “Tem gente que achou que a gente estava fazendo chacota. E não era. Eu fui tocado por um anjo de Deus naquele momento. Foi um momento único e especial e por isso levei o susto e gritei”, explica Jefferson.
Uma amiga sugeriu postar no YouTube. Pronto. Foi o suficiente para que o vídeo bombasse e se tornasse um dos principais virais da internet brasileira. “Em pouco tempo já tinha 1 milhão de visualizações e aí já começamos a ser reconhecidos, convidados para participar de programas no rádio, na TV. Foi uma loucura”, relembra.
Jefferson se recorda de uma vez ter ido a um shopping na véspera do Natal. Quando estavam passando perto do Papai Noel, a fila que estava ansiosa para tirar foto com o bom velhinho se desfez e todos foram ao encontro dele e da irmã.
“De uma maneira geral, as pessoas sempre foram carinhosas, receptivas. Na nossa igreja mesmo, o nosso pastor nos ajudou e apoiou. Mas teve muita gente oportunista, querendo aproveitar. Por conta disso, o autor da música nunca deixou que a gente gravasse a música, mas nos autorizou a cantar em qualquer show”, revela o rapaz que hoje vive de publicidade por conta do sucesso de Para nossa alegria. “Tive que largar o curso de enfermagem, mas um dia penso em retomar. Mas fiquei com vontade de investir nessa coisa da publicidade. Ainda fazemos shows, somos convidados para eventos e temos um site em que comercializamos produtos do Para nossa alegria. Eu ainda apresento stand up para o público jovem”, acrescenta.
A irmã Suellen trabalha fazendo tranças afros, mas de vez em quando acompanha Jefferson nos eventos. “Vira e mexe aparece um show. Há uns dois anos, fomos nos apresentar no Paraguai e até lá a gente foi reconhecido. Claro que o sucesso não é como no passado. Teve uma época em que a gente não conseguia fazer nada por conta do assédio; mal sair de casa. Mas tem muita gente que nos reconhece ainda. Impressionante a força da internet. Somos muito gratos a Deus por tudo”, celebra