A formação de alianças em nível nacional, no âmbito das pré-candidaturas de presidenciáveis, tem alterado o desenho da corrida eleitoral em Minas em pleno período de convenções. O recente apoio — ainda não formalizado — do centrão ao pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) afunilou a disputa pelo governo do Estado, que agora tende ainda mais à polarização entre Antonio Anastasia (PSDB) e o atual governador Fernando Pimentel (PT), comprometendo a possibilidade de viabilizar um dos dois pré-candidatos da terceira via no Estado.
Formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade (SD), o bloco do centrão aderiu ao projeto de Alckmin na última quinta-feira, ainda que haja divergência entre membros avulsos dos partidos. Mesmo assim, o apoio mexeu com as estruturas dos pré-candidatos ao Palácio da Liberdade porque as legendas do centrão devem cobrar posicionamento alinhado nos estados, ou seja, em composições com o PSDB do senador Antonio Anastasia, no caso de Minas.
Nos bastidores, líderes tucanos especulam sobre uma facilidade maior para atrair o apoio do DEM. “A decisão do centrão facilita o entendimento com o DEM, que irá se somar a outros partidos do centro que estão com Anastasia”, disse uma fonte tucana.
O deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM) ainda sustenta a pré-candidatura própria, mas disse que vai seguir a orientação nacional do DEM.
“Minha tendência é aguardar a decisão do partido. Ainda que a decisão do DEM seja apoiar o PSDB nacionalmente, haverá uma liberação dos estados para fazer as composições que melhor sejam convenientes. Confio na sabedoria do DEM de nos liberar para seguir nosso caminho”, disse Pacheco.
O ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) também enfrenta situação delicada. Apesar de sustentar a pré-candidatura própria, ele espera um convite para ser vice de Ciro Gomes (PDT) em corrida à Presidência, abrindo mão do governo de Minas. Sem o apoio do centrão, Ciro deve intensificar o namoro com o PSB em nível nacional, o que aumenta as chances de Lacerda em compor com o pedetista.
“Será o PDT ou não terá aliança. A inteligência do partido acha que precisa ter uma posição clara a respeito da posição nacional”, disse Lacerda.
Ele também descartou a chance de composição com o PT. “Teve um movimento em São Paulo (de apoio ao PT) e em Pernambuco, mas está sendo atenuado. Porque uma aliança nacional com o PT não seria aprovada”, completou Lacerda.
“Será o PDT ou não terá aliança. A inteligência do PSB acha que precisa ter uma posição clara a respeito da posição nacional. Mas uma aliança nacional com o PT não seria aprovada”
Márcio Lacerda
No plano nacional, o PT trabalha para atrair nomes de peso em uma composição tanto com o MDB quanto com o PSB, apesar das resistências de alas de ambas as legendas.
Em Minas, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB) fez coro para uma aliança com os petistas, como forma de ampliar a bancada federal e estadual do MDB, além de demonstrar simpatia pela pré-candidatura do ex-presidente Lula, caso ele seja autorizado a concorrer.
Porém, com a pré-candidatura própria do MDB alinhada em torno de Adalclever Lopes, presidente da Assembleia Legislativa, o cenário pode mudar. Na hipótese de o PT ter outro candidato à Presidência, como são cogitados nomes como Fernando Haddad e Patrus Ananias, um apoio do MDB aos petistas pode ser revisto, afetando a aliança em Minas.
“O MDB está acertando as suas diretrizes e quer formar uma chapa forte. É claro que o cenário pode mudar, principalmente com os apoios nacionais mais definidos. Mas uma coisa é o PT com Lula, outra é sem. Isso influencia, claro. E vamos aguardar para compor e, sim, outros partidos são bem-vindos”, disse Ramalho.
“Ainda que a decisão do partido seja apoiar o PSDB nacionalmente, haverá uma liberação dos estados para fazer as composições que melhor sejam convenientes. Confio na sabedoria do DEM
Rodrigo Pacheco
Partido de Pacheco fechou aliança nacional com PSDB
Convenções
Com as convenções marcadas para acontecer até 5 de agosto, segundo as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria dos partidos em Minas Gerais irá deixar a reunião que define as pré-candidaturas ao governo do Estado para os dois últimos dias do prazo. Confira abaixo a lista das convenções marcadas até o momento, por ordem cronológica:
Romeu Zema (Novo): 21 de julho (já realizada)
Antonio Anastasia (PSDB): 28 de julho
João Mares Guia (Rede): 30 de julho
Marcio Lacerda (PSB): 4 de agosto
Adalclever Lopes (MDB): 5 de agosto
Rodrigo Pacheco (DEM): 5 de agosto
Dirlene Marques (PSOL): Sem data definida
Fernando Pimentel (PT): Sem data definida