O registro de patrimônios é uma maneira de deixar marcada as características dos bens intangíveis, de maneira a manter vivas e acessíveis as tradições e suas referências. Assim, em Santa Bárbara, cidade a 75km de Itabira, temos seis bens imateriais, entre manifestações culturais, religiosas e saberes, imortalizados pela história por meio do registro.
A Cavalhada de Brumal é realizada no primeiro domingo do mês de julho, envolvendo programação religiosa e cultural. Já são 81 anos de história e fé, mantendo viva a tradição e o simbolismo da luta entre mouros e cristãos, durante as cruzadas da idade média. O enredo começa quando o tropeiro Jorge da Silva Calunga, que já participava da Cavalhada de Morro Vermelho, em Caeté, onde morava antes, se mudou para Brumal, em 1936, e prometeu a Santo Amaro que realizaria uma festa no Distrito, caso o seu filho fosse curado de uma doença. Jorge alcançou a graça e passou a realizar, todo ano, a cavalhada em homenagem a Santo Amaro.
Em 2017, quando comemorou 80 anos, a Cavalhada foi imortalizada através de um Memorial que reconta a história da manifestação cultural, por meio de painéis expográficos e conteúdo audiovisual. É a história movimentando o roteiro turístico santa-barbarense. O local funciona aos sábados e domingos, de 9h às 12h e de 14h às 17h.
Já a Corporação Musical Santo Antônio é datada de 1901, por meio de registros do legislativo. Tradicional banda da Cidade, está sempre presente em importantes eventos de Santa Bárbara e região, reunindo integrantes de 18 a 60 anos.
Nesse cenário, a encenação “Os Passos da Agonia” também tem o seu lugar. Tradicionalmente dividido em três partes, vida, morte e ressurreição, o espetáculo é encenado no Centro Histórico, há seis anos consecutivos, sendo, o ápice, a cena da crucificação realizada na frente da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. A realização é uma parceria entre a Prefeitura de Santa Bárbara e o grupo Âncora Cia de Teatro.
A tradicional Festa de Santo Antônio, padroeiro do Município, celebrado no dia 13 de junho, promove tanto a religiosidade, quanto a cultura local, incentivando a gastronomia e a culinária junina. Em 2017, o Santo ganhou um espaço, chamado Museu Antoniano, dedicado a recontar a sua vida, por meio de painéis expográficos e conteúdo audiovisual. O imóvel é a antiga Casa de Câmara e Cadeia de Santa Bárbara. A visitação é gratuita e acontece de terça a domingo, de 9h às 12h e de 14h às 17h.
Uma curiosidade a respeito de Santo Antônio e da história do Município, é que ele foi escolhido por ser o padroeiro dos bandeirantes, fundadores de Santa Bárbara.
Nos trilhos da história imaterial santa-barbarense, está também o Grupo de Congo Nossa Senhora do Rosário. Fundado por volta de 1955, a devoção dos congadeiros pela Santa perdura até os dias de hoje. Cada congadeiro exerce funções específicas, de acordo com suas habilidades, sendo que, a transmissão do cargo ocorre respeitando a herança familiar ou a aptidão.
Fechando esse cenário, o Modo de Fazer Bonecas de Palha tem a sua origem no contato diário de Hilda de Jesus da Cunha com as lavouras de milho de seus pais, sendo, assim, estimulada a criar objetos com os recursos naturais disponíveis. Ela já manifestava interesse pelo artesanato desde criança.
A técnica de produção das bonecas de palha foi aperfeiçoada com o tempo, e as peças mais simples foram evoluindo para maiores e mais complexas. Atualmente, o trabalho continua, agora, com a filha da artesã Hilda, Maria Lúcia da Cunha.
O patrimônio imaterial passa de geração para geração, sendo, constantemente modificado e reinventado pelas comunidades, conforme a interação com o meio em que se vive e a história, originando um sentimento de identidade e perpetuação.