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Em mais um capítula da briga interna no PSB, o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, reagiu à carta de renúncia divulgada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda.
Siqueira disse que Lacerda não sabe fazer política, tem estilo autoritário. Além disso, conforme o socialista, o ex-prefeito é um político “vacilante, inseguro”. Siqueira respodeu à carta anterior de Lacerda que acusou “à velha política” a desistência dele do plano de disputar o governo de Minas.
O PSB nacional fechou acordo com o PT que exigiu a desistência de Lacerda ao Palácio da Liberdade. Em troca, os petistas retiraram a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco, deixando o caminho livre para a tentativa de reeleição de Paulo Câmara (PSB).
Lacerda recorreu à Justiça para manter-se candidato. Para Siqueira, ele desistiu pois sabia que perderia no Tribunal Superior Eleitoral. “Inicialmente, Márcio Lacerda não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de construções coletivas. Ou seja, diálogo não é conchavo; construir candidaturas viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas não representa caudilhismo. Por outro lado, a vontade – grandeza essencial a qualquer ator político que se queira relevante – não é afirmação autoritária e irresponsável de uma postulação”, completou.
O presidente nacional do PSB ainda desfere uma série de críticas a Lacerda. “A atitude confere com o estilo: um político inseguro, vacilante, indeciso, que faz política sem qualquer consideração ao esteio de relações que ela implica, afirma não raro, com seu autoritarismo, uma tentativa de superar as fragilidades que promove, ao cultivar um personalismo, de natureza obviamente antidemocrática. Se os brasileiros, especialmente aqueles de Minas Gerais, quiserem formar um juízo mais acurado sobre o quilate desse binômio personalismo/autoritarismo, basta recordar o que ocorreu na sucessão do próprio Márcio Lacerda, na prefeitura de Belo Horizonte”, disse lembrando do imbróglio envolendo o candidato de Lacerda à Prefeitura de Belo Horizonrte, em 2016.
Confira a íntegra da carta de Carlo Siqueira:
Brasília, 21 de agosto de 2018
“A POLÍTICA É SEMPRE UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA”
Em resposta à carta divulgada à imprensa pelo ex-prefeito Márcio Lacerda
O senhor Márcio Lacerda fez chegar à imprensa uma carta, em que credita a “conchavos de gabinete” e à “velha política” a retirada de sua candidatura ao governo do Estado de Minas Gerais.
O motivo imediato, contudo, está longe de se encontrar no que foi alegado: a desistência se dá como consequência natural da derrota certa que encontraria na Justiça Eleitoral, mobilizada por ele na tentativa de anular as deliberações do Congresso Nacional Eleitoral do PSB, que ocorreu no dia 5 de agosto de 2018.
O contexto geral, por outro lado, explica os motivos pelos quais a candidatura ou qualquer outra alternativa se tornaram inviáveis.
Inicialmente, Márcio Lacerda não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de construções coletivas. Ou seja, diálogo não é conchavo; construir candidaturas viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas não representa caudilhismo.
Por outro lado, a vontade – grandeza essencial a qualquer ator político que se queira relevante – não é afirmação autoritária e irresponsável de uma postulação.
Vejamos: Márcio Lacerda foi informado, em primeira hora, sobre o andamento das articulações do PSB Nacional relacionadas a Minas Gerais. Desde sempre, houve a preocupação de encontrar, para ele, até ali merecedor de tal deferência, uma posição compatível com sua trajetória política.
Já nesse ponto se apresentou a surpresa: um candidato que havia declinado de sua própria candidatura, por meio de carta dirigida à presidência nacional do PSB, que afirmara a intenção de ir “cuidar de seus netos”, resolveu impor a todos, por meio da judicialização do processo, sua vontade individual.
A atitude confere com o estilo: um político inseguro, vacilante, indeciso, que faz política sem qualquer consideração ao esteio de relações que ela implica, afirma não raro, com seu autoritarismo, uma tentativa de superar as fragilidades que promove, ao cultivar um personalismo, de natureza obviamente antidemocrática.
Se os brasileiros, especialmente aqueles de Minas Gerais, quiserem formar um juízo mais acurado sobre o quilate desse binômio personalismo/autoritarismo, basta recordar o que ocorreu na sucessão do próprio Márcio Lacerda, na prefeitura de Belo Horizonte.
Ele anunciou, pela imprensa, a retirada da candidatura do executivo Paulo Brant para, na sequência, emprestar seu apoio ao candidato do PSD, que mereceu míseros 3% de votos, quando as urnas se fecharam.
É certo, em meio a uma crise tão severa como a atual, que a população do grande Estado das Minas Gerais merece mais razoabilidade e respeito do que se pode esperar de alguém tão claudicante.
Carlos Siqueira
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB