Terra/Estadão
Um dos nomes mais conhecidos da teledramaturgia brasileira, tendo realizado dezenas de trabalhos espalhados por seis décadas, o ator Tony Ramos completa 70 anos de idade neste sábado, 25.
Em homenagem à data, o E+ preparou uma galeria mostrando a evolução de Tony ao longo de sua trajetória na televisão, onde estreou quando tinha apenas 15 anos de idade. Também relembramos, em seguida, momentos marcantes de sua carreira.
Confira abaixo:
Cantor
Hoje ator, Ramos já tentou emplacar a carreira musical, conforme relatou em entrevista à revista Manchete, em 1979.
“Minha primeira formação – sonhos à parte – foi musical. E só terminou muitos anos depois, quando tentei fazer dupla com Antônio Carlos, Tom e Tôni. Chegamos às franjas das primeiras Jovem Guarda.”
“Roberto Carlos – lembrei isso a ele durante um Globo de Ouro – braço esticado: ‘Meus amigos: Tom e Tôni!’. Felizmente, naquela época, eu já podia comparar atividades artísticas. E dei violenta guinada para o teatro”, relembrava.
Rede Tupi
O início da carreira de Tony Ramos na TV se deu na Rede Tupi, quando fez ‘escada’ para Walmor Chagas, Geórgia Gomide e Guy Loup em A Outra, uma adaptação de Walter George Durst exibida pelo canal entre julho e outubro de 1965.
À revista Manchete, falou sobre seu início na emissora: “Quando atendi a uma convocação da TV Tupi – Novos em Foco – fui lá, fiz o teste. Cumprindo um sketch do próprio Ribeiro Filho ganhei o direito de permanecer no seu programa. Idade? 15 anos”.
“A essa altura eu já imitava atores – e sempre Chaplin – famosos, locutores e até políticos da época. Apesar de tentativas pueris em palcos estudantis, quis o destino que eu estreasse como profissional na televisão.”
“Atendendo à convocação da Tupi, não falei das cólicas, tonteiras e da insônia que antecederam o dia do teste. Não falei do maior corredor do mundo – essa era minha sensação – o corredor da Tupi, onde vi em carne e osso ídolos como Lima Duarte, Juca de Oliveira, Geórgia Gomide, Laura Cardoso. Percorri papéis pequenos até atingí-los. Numa troca de frase que fosse.”
Após sua estreia em A Outra, fez O Amor Tem Cara de Mulher e outras produções como Os Irmãos Corsos, Os Inocentes, Rosa dos Ventos, Ídolo de Pano, Os Inocentes e Nino, o Italianinho.
Globo
Seu primeiro trabalho na emissora foi integrando o elenco de Espelho Mágico, em 1977. Dois anos depois, encarnaria André Cajarana, protagonista de Pai Herói.
Em seu ano de estreia, também ficou marcado por apresentar o dominical Globo de Ouro.
Fez história com o primeiro nu masculino da TV brasileira, em O Astro, novela de Janete Clair que foi ao ar em 1978, na qual interpretava Márcio Hayalla, herdeiro de Salomão Hayalla (Dionízio Azevedo).
[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”left”]Sobre o trabalho, relembrou à Manchete que não era a primeira escolha da emissora: “Foi no Astro meu grande jorro. A novela que atirou meu nome por esse Brasil todo. O papel, a princípio, não seria meu. Eu iria ser o filho de Cuoco, o Alan. Depois o Daniel Filho entendeu que ninguém melhor que eu poderia ser o filho do Salomão.”
Nas décadas seguintes, participou de inúmeras tramas marcantes, como Rainha da Sucata, A Próxima Vítima, Torre de Babel, Mulheres Apaixonadas, Belíssima e Avenida Brasil.
Também fez diversas participações em seriados da casa – como no derradeiro episódio de A Grande Família, em 2014, por exemplo.
Seu trabalho mais recente foi na novela das seis Tempo de Amar, em que viveu José Augusto. Tony Ramos já está confirmado na próxima novela das nove, O Sétimo Guardião, em que dará vida ao poderoso personagem Olavo de Aragão Duarte.
Vilões
Não só de bons moços é formado o currículo de Tony. Vilões como Zé Maria, de A Regra do Jogo (2015), o playboy interesseiro Edu, de Rainha da Sucata (1990), o corrupto Carlos Braga Vidigal, de O Rebu (2014) e Zé Clementino, que assassinou a própria mulher em Torre de Babel (1998), marcaram a carreira do ator.
Sobre o último, foi questionado em entrevista ao Estado feita há alguns anos se a suposta rejeição ao personagem se devia ao fato de que o público não aceitaria bem o ator como vilão.
“Isso não é verdade. Eu tive as pesquisas em mãos… Em nenhum momento disseram: ‘Não queremos o Tony fazendo o Zé Clementino’, é só pegar a sinopse de Torre, registrada na Biblioteca Nacional. Estava previsto lá que o personagem mudaria assim que se apaixonasse”, respondeu.
Inspirações
Em entrevista ao programa A Arte do Encontro, em 2017, Tony falou sobre sua grande inspiração no começo de sua carreira: o comediante Oscarito.
“Me lembro dos primeiros momentos da minha vida, com oito, nove anos, indo às matinês de domingo em São Paulo, às vezes levado pela minha mãe. [Matinês] de Anselmo Duarte, Cyll Farney, Grande Otelo e Oscarito.”
“Quando comecei a entender o humor físico, espontâneo, diferente, do Oscarito, lembro de ter dito isso à minha querida avó, Maria das Dores: ‘Eu queria ser o Oscarito na vida’.
Em outras entrevistas, Tony não costuma esconder sua admiração por outros nomes conhecidos, como Hugo Carvana e Daniel Dantas.
Entrevistador
Em 2016, Tony viveu uma experiência como entrevistador no programa A Arte do Encontro, do Canal Brasil, em que entrevistou artistas consagrados, como Antonio Fagundes.
*Para realização desta reportagem, foram utilizadas entrevistas de Tony Ramos ao Estado entre as décadas de 1990 e 2000, e uma entrevista do ator à revista Manchete nº 1.399, de fevereiro de 1979.