Alunas dos cursos de saúde da UFMG criaram uma campanha no Facebook para denunciar assédios cometidos por professores e colegas na instituição. Após as denúncias, uma reunião foi marcada para a próxima sexta-feira (31) entre a diretoria da Faculdade de Medicina da UFMG, estudantes e diretórios acadêmicos para discutir o assunto.
[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”left”]Este será o segundo encontro nesta semana sobre o tema. Nessa segunda-feira (27), uma reunião de emergência foi feita após quase 30 relatos de abusos terem ganhado repercussão em postagem no perfil do Facebook do Coletivo de Mulheres Alzira Reis. O grupo, que reúne mais de duas mil estudantes dos três cursos de saúde da UFMG (Medicina, Fonoaudiologia e Tecnólogo em radiologia), criou na semana passada uma campanha (#FoiAssedioNaSaudeUFMG) para dar visibilidade ao tema. “Amanhã (quarta-feira – 29 de agosto) teremos uma reunião entre as meninas do coletivo para nos organizarmos para a reunião com a universidade”, comentou a estudante Juliana Arruda, membro do coletivo, que confirmou a data do encontro com representantes da UFMG.
A estudante espera que penalidades sejam devidamente aplicadas. “Esperamos que a faculdade reconheça a recorrência e o impacto das agressões causadas na vida das pessoas e que possamos construir juntos uma maneira de receber essas denúncias e levar as investigações à frente, assegurando às vítimas a não retaliação”, ponderou Juliana.
Nos comentários com a hashtag, meninas descreveram situações em que foram assediadas por colegas ou por professores da Universidade Federal de Minas Gerais.
A UFMG tomou conhecimento da situação a partir da rede social e, por meio de nota, informou que precisa ouvir as denúncias oficialmente para que possa atuar. A instituição explicou que mantém um espaço formal para denúncias sobre a vivência na universidade, conhecido como Escuta Acadêmica.
Medo de denunciar
Luísa de Oliveira Pereira, residente de infectologia do Hospital das Clínicas da UFMG e membro do coletivo, conta que o grupo recebe denúncias de tipos diversos, incluindo abuso moral e estupro. “São casos tão absurdos que ficamos em choque com tudo isso acontecendo ao nosso lado”, afirmou. Segundo ela, as estudantes têm medo de relatar casos de assédio com receio de sofrerem retaliações por parte de professores assediadores e da própria instituição.
Questionada sobre quais ações o coletivo espera da UFMG, Luísa explicou que ainda não se chegou a uma proposta comum, mas um ponto interessante é a possibilidade de denúncia anônima. “Acreditamos que esse assunto tem que ser mais debatido no ambiente acadêmico e as vias de denúncia têm que ser identificadas com maior facilidade pelas alunas e alunos”, relatou.
De acordo com a página do Alzira Reis, o coletivo foi criado pelas alunas da saúde para acolher mulheres que sofreram opressão e ainda avaliar a forma como a saúde feminina é abordada na graduação. A reportagem entrou em contato com o Diretório Acadêmico Alfredo Balena, do curso de Medicina, que afirmou que irá divulgar uma nota sobre o caso ainda na tarde desta terça-feira (28), mas até o momento, nenhuma manifestação do DAAB foi publicada.
O Hospital das Clínicas (HC) também foi procurado e informou em nota que não tem conhecimento das denúncias e reforçou o repúdio a qualquer forma de assédio, agressão ou desrespeito à mulher.
A reportagem também questionou a UFMG sobre possíveis retaliações de professores em caso de denúncias e aguarda posicionamento.
Veja abaixo alguns relatos postados no Facebook do Coletivo Alzira Reis: