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[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”left”]Os ex-presidentes George W. Bush (republicano) e Barack Obama (democrata) discursaram na cerimônia em homenagem ao senador John McCain neste sábado (1º), na Catedral Nacional de Washington, nos Estados Unidos.
O político morreu no último sábado (25), vítima de um câncer no cérebro, aos 81 anos. Como previsto, o presidente Donald Trump – desafeto de McCain – não participou do ato que reuniu familiares e amigos.
Bush e Obama puseram fim às ambições presidenciais de McCain: o primeiro, nas primárias republicanas em 2000, e o segundo, na corrida eleitoral de 2008.
Bush
“Algumas vidas são tão vivas que é difícil imaginá-las terminando”, disse Bush. Durante o discurso, o ex-presidente mencionou sua antiga rivalidade com o senador.
“No passado, ele pode ter me frustrado. E eu sei que ele diria o mesmo sobre mim. Mas ele me fez melhor”, afirmou, acrescentando que sua relação com McCain se transformou em amizade.
“Talvez, acima de tudo, John detestasse o abuso de poder. Ele não podia suportar fanáticos e déspotas fanfarrões”, continuou, em referência a atuais líderes no mundo todo.
“Em face daqueles que têm autoridade, John McCain insistiria que somos melhores que isso. A América é melhor que isso.”
Obama
Obama, que assumiu o púlpito em seguida, também se referiu à disputa com McCain. “Ele nos tornou presidentes melhores, assim como melhorou o Senado, assim como melhorou o país.”
“Apesar de todas as nossas diferenças, durante todo o tempo em que disputamos, nunca tentei esconder – e acho que John entendeu – a admiração de longa data que eu tinha por ele.”
O democrata lembrou ainda do episódio em que McCain o defendeu de críticas durante a campanha de 2008, mesmo sendo seu concorrente. “Ele se viu defendendo o caráter dos EUA, não apenas o meu”, disse.
“Grande parte da nossa vida pública, do nosso discurso público, pode parecer pequena, maldosa e mesquinha. É uma política que finge ser valente e resistente, mas na verdade nasce do medo. John nos chamou para sermos maiores que isso.”
McCain, que mantinha divergências com o presidente Donald Trump, pediu especificamente que o presidente não fosse convidado para seu funeral.
Foi somente depois da repercussão negativa sobre o silêncio que manteve após a morte do seu adversário político que Trump fez uma homenagem direta ao senador.
Desde a chegada de Trump à Casa Branca, a relação de McCain com ele ficou ainda mais tensa, já que o senador não aprovava muitas políticas de Trump e nem a sua maneira de conduzir as relações externas.
Na cerimônia, o corpo de McCain foi retirado do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, acompanhado por uma comitiva. Antes de chegar à catedral, o grupo passou pelo Memorial dos Veteranos do Vietnã, onde a viúva de McCain, Cindy, deixou uma coroa de flores.
Homenagem rara no Capitólio
Na sexta-feira (31), o vice-presidente, Mike Pence, o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, e o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, fizeram discursos de homenagem diante dos convidados no Capitólio, em Washington, D.C..
A homenagem feita a ele sob a cúpula do Capitólio é “rara”, reservada aos grandes personagens da história dos EUA, como John F. Kennedy, ou Rosa Parks, destacou. Seu caixão foi colocado sobre uma estrutura de madeira, construída para sustentar o caixão do presidente Lincoln.
Entre quarta (29) e quinta (30), ele recebeu homenagens no Capitólio do Arizona,seu estado natal. Mais de 15 mil pessoas passaram pelo Parlamento para dar um último adeus a McCain.
O enterro, que será restrito a familiares e amigos, será no domingo (2), no cemitério da Academia Naval, em Anápolis, próximo de Washington.
Trajetória
McCain foi diagnosticado em julho do ano passado com glioblastoma (tumor cerebral). Na sexta-feira (24), a família comunicou que havia tomado a decisão de interromper o tratamento médico.
John Sidney McCain III nasceu na Zona do Canal do Panamá em 29 de agosto de 1936. Filho e neto de almirantes da Marinha norte-americana, recebeu educação militar e se formou na Academia Naval dos Estados Unidos em 1958.
No primeiro semestre de 1967, foi para a Guerra do Vietnã. Estava casado com a ex-modelo da Filadélfia Carol Shepp e já era pai.
Em outubro daquele ano, aos 31 anos, McCain estava em sua 23ª missão de bombardeios quando um míssil arrancou a asa direita de sua aeronave, derrubando seu jato A-4 Skyhawk em espiral. McCain foi ejetado e desmaiou, retomando a consciência a 5 metros de profundidade em um lago em Hanói.
Estava com os braços e um joelho quebrados. Com os dentes, puxou os pinos para inflar o colete salva-vidas. Quando conseguiu chegar à margem, foi encurralado e levado para a prisão que os prisioneiros de guerra apelidaram de Hanoi Hilton.
Depois que os vietnamitas do norte perceberam que estavam com um filho de almirante nas mãos, enxergaram-no como uma ferramenta de propaganda que valia a pena explorar e lhe ofereceram o tratamento médico que antes haviam recusado. Mas McCain não colaborou com o plano deles.
Durante mais de cinco anos preso, sendo três deles na solitária, McCain tentou se suicidar duas vezes. Resistiu a uma série de espancamentos.