A produção industrial brasileira caiu 0,2% em julho frente ao mês imediatamente anterior, após crescer 12,9% em junho, divulgou nesta terça-feira (4) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi puxada pelo recuo na produção de bens de capital como caminhões e máquinas.
Na comparação com julho de 2017, entretanto, a indústria cresceu 4% em julho de 2018.
[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”left”]O resultado veio melhor do que o esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 1% na variação mensal e de alta de 2% na base anual.
No acumulado no ano, a indústria passou a ter alta de 2,5%, mantendo a trajetória de recuperação gradual, pressionada pela fraqueza dos investimentos e incertezas para o setor em meio à corrida eleitoral.
“Houve ganho de ritmo no acumulado dos últimos 12 meses, que passou de 3,1% em junho para 3,2% em julho de 2018”, destacou o IBGE em comunicado.
O IBGE revisou o dado de maio, de 13,1% para 12,9%. Já a produção de maio ante abril, quando o setor foi fortemente prejudicado pela greve dos caminhoneiros, foi revisada de uma queda de 11% para queda de 10,9%. O resultado de maio, que havia apresentado estabilidade na comparação com fevereiro foi revisto para uma queda de 0,1%.
O gerente da pesquisa, André Macedo destacou que o resultado de julho foi “precedido de duas taxas de maior volatilidade, claramente justificadas pela paralisação dos caminhoneiros”, [maio com queda de 10,9% e junho com alta de 12,9%.
Questionado se em julho já não houve mais qualquer efeito da greve dos caminhoneiros na produção industrial, Macedo avaliou que pode ter ocorrido um dimensionamento maior da produção em junho, para compensar a paralisação dos parques industriais no mês anterior, o que fez frear a produção em julho.
Segundo Macedo, a indústria brasileira opera 14,1% abaixo do ponto mais elevado da série histórica, alcançado em maio de 2011. Ele enfatizou que o patamar atual equivale ainda ao de maio de 2009. “É uma indústria que permanece operando em um determinado patamar, sem indicar que há uma recuperação. A gente não sai desse patamar maio de 2009”, destacou.
Para além dos fatores conjunturais – degradação do mercado de trabalho, níveis de confiança baixo por parte dos empresários e das famílias freando o consumo – Macedo apontou que outro efeito negativo que afeta a indústria brasileira atualmente é a crise econômica da Argentina, país classificado pelo pesquisador como “um parceiro importante, sobretudo quando a gente fala da produção de automóveis”.
Taxas negativas em 10 dos 26 ramos pesquisados
Aqueda de julho foi puxada pelo recuo de 6,2% na produção de bens de capital, considerado uma medida de investimento, “notadamente dos produtos ligados ao transporte, como caminhões”, destacou o gerente da pesquisa.
Bens de consumo semi e não duráveis tiveram queda de 0,5% e bens de consumo duráveis recuaram 0,4%. Já bens intermediários foi o único segmento com resultado positivo (1%).
Dos 26 segmentos da indústria pesquisados, 10 tiveram queda em julho, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%) e produtos alimentícios (-1,7%). Outras contribuições negativas vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,2%), de produtos de minerais não metálicos (-3,0%) e de couro, artigos para viagem e calçados (-5,4%).
Já entre os 16 ramos que ampliaram a produção em julho, os destaques foram outros produtos químicos (4,3%), outros equipamentos de transporte (16,7%), máquinas e equipamentos (2,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,0%).
Recuperação lenta
Com o desemprego ainda elevado e confiança dos empresários ainda baixa diante das incertezas em relação às eleições, a economia brasileira tem mostrado um ritmo de recuperação mais lento que o esperado.
No segundo trimestre, a indústria registrou contração de 0,6%, contribuindo para que o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrasse crescimento de apenas 0,2% sobre os três meses anteriores.
Após divulgação de alta de apenas 0,2% no PIB no 2º trimestre, analistas do mercado passaram a projetar um crescimento mais próximo a 1% em 2018. Segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa do mercado é que a economia cresça 1,44% em 2018, metade do que era esperado alguns meses antes.
Já a expectativa para a expansão da indústria neste ano foi reduzida a 2,43%, de 2,61%.