Um caso de amor que sensibilizou o país em abril chegou ao fim. A história do casal de idosos que seguiu à risca o ditado de permanecer junto na saúde e na doença acabou na tarde dessa terça-feira (11/9), depois de Sebastiana Coelho de Matos, 101 anos, morrer em decorrência de um quadro de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Casada há 82 anos com Francisco Fernandes Alencar, 103, os dois ficaram conhecidos após o Hospital Regional de Samambaia (HRSam) quebrar o protocolo e permitir que eles dividissem o mesmo quarto na unidade de saúde.
Jane Ester Alencar, 42, uma das netas do casal, conta que a notícia foi recebida com pesar especialmente pelo companheiro da avó. “Reunimos a família para contar, e os olhos dele se encheram de água. Depois, ele virou para mim e disse que nascer e morrer fazem parte do caminho da vida”, relata. Ainda segundo ela, Francisco assumiu um ar triste e abatido e preferiu se manter mais calado ao longo do dia.
Sebastiana, que completaria 102 anos em janeiro, deixa o marido, 12 filhos, além de netos, bisnetos e tataranetos. O velório está marcado para as 14h30, no Cemitério de Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, e o sepultamento está previsto para as 17h.
Complicações
Em abril, a matriarca da família deu entrada no HRSam, na capital federal, com problemas de saúde por causa do diabetes. No dia seguinte, Francisco foi internado com um quadro de insuficiência renal. Desde a alta, 10 dias depois, até o mês passado, os dois apresentaram quadros de saúde estáveis. Há cerca de 20 dias, no entanto, Sebastiana passou uma semana no hospital devido a um problema nos pulmões. Ela voltou para casa, mas apresentava dificuldades para respirar e precisou se alimentar por meio de uma sonda.
Com a nova situação, o casal, inseparável em praticamente todas as ocasiões, precisou se afastar. Ela teve de dormir em outra cama e passou a ser acompanhada por uma equipe de médicos e enfermeiros. Ainda assim, Francisco fazia questão de perguntar se Jane estava por perto para cuidar da avó.
“Eles (os cuidadores) nos disseram que ela estava em estado final. Dói muito lembrar que meu avô dizia que, se ela morresse, ele iria atrás”, lamenta a neta. “Ela morreu de forma suave, nos braços da minha mãe, mas sentimos muito a passagem. Agora vai ser muito difícil ver meu avô sozinho na cama.”