Uma campanha que começou nas redes sociais vai reunir na próxima quarta-feira (19) pessoas interessadas em fazer o cadastro como doador de medula óssea no Centro Hemominas, em Belo Horizonte. A ação é dedicada a garota Hethaly Bárbara Marques, de 23 anos, que luta contra uma aplasia de medula óssea grave, doença que compromete o funcionamento do órgão.
Desde um anúncio feito pelos pais de Hethaly Bárbara, que colocaram a própria casa à venda para custear o tratamento da filha, Itabira se mobiliza para ajudar a família. A campanhas para doações em dinheiro, realização de eventos, como show de prêmios realizado no domingo (09) no poliesportivo Maestro Silvério Faustino, e até mesmo uma “motoada”, com 110 motociclistas. Juntos, os eventos arrecadaram cerca de R$12 mil.
Luta judicial
Apesar do tratamento ser feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o hospital não disponibiliza o medicamento. O próprio paciente precisa fazer a solicitação na Secretaria de Estado da Saúde (SES). O remédio não consta na relação dos obrigatórios e a família entrou na Justiça. Uma liminar já foi negada pela juíza de 1ª instância e o advogado entrou com um recurso.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) antecipou a liminar para o fornecimento do medicamento, até o julgamento do recurso. “Já foi feita a determinação para que o Estado e a União forneçam o remédio, mas passados os 30 dias para o cumprimento da entrega, até agora não foi feito”, explica o advogado Alexandre Eulálio.
Ainda segundo Eulálio, no último andamento do processo foi uma determinação de perícia médica que será realizada no mês de outubro, na Justiça Federal.
Tratamento
Aplasia de medula óssea grave é uma doença autoimune, onde o paciente tem insuficiência para produzir células sanguíneas, necessitando receber transfusões para controlar a anemia e o baixo número de plaquetas.
A primeira opção é um transplante de medula de um doador 100% compatível. “Nós testamos a única irmã de Hethaly, que não foi compatível. Quando isso acontece, outra opção é o tratamento com imunossupressores, mas ela não respondeu ao tratamento”. explicou o médico de Hethaly, Guilherme Muzzi.
O próximo passo foi colocar a jovem no programa de cadastro de receptores de medula óssea (Rereme/Inca). “As chances de encontrar alguém compatível aumentam na medida que mais voluntários se inscrevam como possíveis doadores. Quanto mais pessoas fizerem o cadastro, mais as chances aumentam”, diz o hematologista.
Enquanto espera por um gesto de solidariedade, a rotina dela não é fácil, entre logos períodos de internações, faz consultas semanais para a realização de hemogramas, que mostram a necessidade ou não de transfusões de sangue.
Ela também começou a usar o eltrombopag, mas uma caixa com 14 comprimidos é suficiente para 3 dias. “O eltrombopag age estimulando a produção de células do sangue pela medula óssea. Algumas pessoas respondem a esse medicamento, outras não. Nos pacientes que não respondem totalmente a esse remédio, pelo menos ele diminui a necessidade de transfusões, até que se encontre um doador de medula óssea”, conclui Muzzi.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que ainda não consta o cadastro da paciente na SES. Os técnicos tentaram uma consulta diretamente no Tribunal Regional Federal (TRF1), onde tramita a ação, mas o sistema estava indisponível, o que inviabilizou a prestação de mais esclarecimentos.