Em agosto, o número de devedores que não conseguiu honrar seus compromissos subiu para 62,9 milhões. Em termos absolutos, o dado supera em 3,63% o contingente de inadimplentes registrados no mesmo período do ano passado. Trata-se do 11º mês consecutivo de alta no universo de pessoas que ficaram com seus nomes sujos na praça.
Os dados são de um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil. Do total da população brasileira adulta, 41% ficou impedida de obter empréstimos, financiamentos ou de realizar compras parceladas. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Na leitura mensal, na passagem de julho para agosto, o número de inadimplentes recuou 0,71%. É a segunda queda mensal seguida observada pelo SPC Brasil. Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, apesar do pequeno recuo nos últimos 30 dias a inadimplência segue elevada, refletindo as dificuldades econômicas do país.
“A recuperação econômica mais lenta do que o esperado cria dificuldades para a gestão do orçamento das famílias, frustrando planos e a volta do consumo. A reversão desse quadro passa por uma aceleração da atividade econômica, em especial, do emprego e renda, que são os fatores que mais pesam para a confiança do consumidor”, explica o presidente.
Regiões
A análise do indicador de inadimplência por região mostra que há avanço de forma generalizada. Apenas no Sudeste o aumento foi de 10,52% na quantidade de devedores. Em segundo lugar ficou a região Norte, com alta de 3,76%, seguida do Nordeste com elevação de 3,22%. No Sul, a elevação foi de 2,67% e no Centro-Oeste, de 1,87%.
De acordo com a estimativa, proporcionalmente, a região que concentra o maior número de inadimplentes é o Norte, onde 49% da população adulta encontra-se com o CPF restrito. São 5,9 milhões de consumidores negativados no Norte do País, segundo a CNDL e SPC Brasil. A segunda região mais inadimplente é o Nordeste, que tem 43% dos adultos com contas em atraso ou 17,4 milhões de consumidores com restrições ao crédito.
No Centro-Oeste são 5 milhões de inadimplentes, o que equivale a 42% da população adulta local. No Sudeste há um total de 26,1 milhões de negativados ou 39% dos residentes acima de 18 anos. No Sul, aproximadamente 8,5 milhões de pessoas ou 37% da população está com restrições financeiras.
A inadimplência cresce mais entre idosos e cai entre a população jovem. Na comparação entre agosto de 2018 com agosto de 2017, aumentou em 9,56% a quantidade de inadimplentes com idade de 65 a 84 anos. Considerando apenas os brasileiros de 50 a 64 anos, a alta foi de 6,26%, enquanto na população de 40 a 49 anos, houve um aumento de 4,77% no número de negativados. Entre os consumidores de 30 a 39 anos, o aumento da inadimplência foi de 1,69% em agosto.
A queda ocorreu entre os mais jovens. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve um recuo considerável de 23,20%, ao passo que entre os brasileiros de 25 a 29 anos, a redução foi de 5 63%. Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o comportamento distinto entre as faixas etárias é reflexo da entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho e também da permanência prolongada dos idosos como força produtiva do país.
“Fora do mercado de trabalho pelas mais diversas razões, seja estudo, desemprego ou por opção, muitos desses brasileiros acabam ficando também fora do mercado de crédito, reduzindo o contingente de potenciais inadimplentes. Já entre os idosos, que estão permanecendo por mais tempo no mercado de trabalho, a renda mais baixa nessa faixa etária e o aumento expressivo de gastos com saúde, por exemplo, podem desajustar o orçamento”, analisa Pellizzaro Junior.
Em números absolutos, a maior parte dos inadimplentes está compreendida na faixa dos 30 aos 39 anos. São 17,9 milhões de pessoas nesse momento da vida que não conseguem honrar seus compromissos financeiros. Considerando a população de 40 a 49 anos, são 14,1 milhões de inadimplentes e outros 13 milhões que possuem de 50 a 64 anos.
Entre os idosos, dos 65 aos 84 anos, são 5,4 milhões os que estão com o CPF restrito. Na população mais jovem, os números também são expressivos: 7,8 milhões de inadimplentes com idade de 25 a 29 anos e 4,5 milhões com contas atrasadas que têm de 18 a 24 anos.