A busca pelo melhor ângulo na foto que vai estampar a rede social e a distração trazida por canais de comunicação instantânea podem esconder riscos inimagináveis para milhões de brasileiros que não desgrudam do celular. Pelo menos seis pessoas morreram em Minas, desde o ano passado, em acidentes diretamente ligados ao uso do aparelho. O caso mais recente foi no último fim de semana, quando uma adolescente de 17 anos escorregou em uma cachoeira na Zona da Mata ao tentar tirar uma selfie.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
No caso das fotos, alertam os Bombeiros, o perigo está principalmente em menosprezar o ambiente ao redor. Na tragédia de domingo, ocorrida em Santa Margarida, a garota não estava à beira de um abismo, mas foi traída pela correnteza e pelas pedras lisas. Ela caiu na água, ficou submersa por 20 minutos até a chegada do socorro e não resistiu.
O Corpo de Bombeiros garante que cada vez mais acidentes têm sido registrados envolvendo quem manuseia o celular em situações inapropriadas. Conforme o tenente da corporação Pedro Aihara, o perigo é “grande” devido a comportamentos que muitos tomam sem perceber.
“O problema não é se fotografar. Não recomendamos que as pessoas deixem de tirar as fotos. A nossa preocupação, na verdade, é que elas estejam atentas aos locais em que pisam, à proximidade em relação aos objetos, à altura, à firmeza do solo”.
O oficial acrescenta que muitas pessoas se orientam pela tela do telefone, ignorando o ambiente ao redor. “É um risco. O correto é se posicionar adequadamente e, só depois, olhar para o aparelho e fazer a foto”.
Aihara reforça que neste período de calor, com os mineiros indo mais às cachoeiras do Estado, a atenção deve ser redobrada na hora da diversão.
Na rua
Exemplos de pedestres se arriscando também são comuns. Basta um breve giro pelas principais avenidas da capital para ver quem está a pé mexendo no celular, alheio ao fluxo de carros nas ruas.
Ex-presidente da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Anmetra), o cirurgião Fábio Nascimento explica que o cérebro é incapaz de fazer mais de duas atividades ao mesmo tempo. “Um pedestre que caminha, por exemplo, mexendo no telefone, não consegue dar atenção para uma terceira coisa, que é o trânsito. Então, ele fica desligado do que está em volta, podendo correr alto risco de acidentes”, alerta o especialista. O Corpo de Bombeiros reforça que o uso de celular por motoristas e pedestres é a maior causa de acidentes no trânsito.
No chão
Juiz de Fora, na Zona da Mata, é a cidade em que mais ocorrem atropelamentos na linha férrea, conforme levantamento da MRS Logística, empresa que administra o modal que corta a cidade.
Após a morte de dois pedestres envolvendo o uso do telefone, uma estratégia já utilizada no Japão foi colocada em prática: colocar avisos no chão, para que a pessoa, ao olhar para baixo, se atente à própria vida.