O indicado pelo presidente Donald Trump à Suprema Corte, o juiz Brett Kavanaugh, é acusado por três mulheres de assédio sexual ou de comportamento abusivo. O magistrado será ouvido nesta quinta-feira (27) no Senado dos Estados Unidos assim como uma das acusadoras.
O juiz conservador de 53 anos nega as acusações, mas as alegações ameaçam atrapalhar a sua confirmação na Suprema Corte. Católico, Kavanaugh se formou na Universidade de Yale e ficou conhecido por manter uma interpretação originalista da legislação – ou seja, decide de acordo com o que está disposto “na letra da lei”.
Ele foi indicado por Trump para ocupar a vaga deixada por Anthony Kennedy, que vai se aposentar.
Conheça as acusações:
Christine Blasey Ford
A professora de Psicologia na Universidade de Palo Alto (Califórnia) Christine Blasey Ford, que foi a primeira a fazer denúncias contra Kavanaugh, irá falar nesta quinta a uma comissão do Senado.
Ela afirma que Kavanaugh a assediou em uma festa no subúrbio de Maryland no início dos anos 1980, quando ela tinha 15 anos e ele, 17.
Ambos frequentavam escolas preparatórias particulares na área de Washington.
Ela acusa Kavanaugh e seu amigo Mark Judge de estarem bêbados enquanto a imobilizavam, passavam a mão em seu corpo e tentavam tirar sua roupa. Kavanaugh supostamente teria tapado a sua boca quando tentou gritar.
“Achei que, inadvertidamente, ele poderia me matar. Ele estava tentando me atacar e tirar as minhas roupas “, declarou Ford em um texto publicado pelo “Washington Post” na semana passada.
Deborah Ramirez
Dias após o texto de Ford ser publicado, a revista “The New Yorker” relatou acusações separadas contra Kavanaugh por parte de uma colega da Universidade de Yale.
Deborah Ramirez, de 53 anos, afirma que Kavanaugh mostrou seus genitais a ela no começo da década de 1980 durante uma festa da faculdade, quando os dois eram calouros em Yale, aproximando suas partes íntimas do rosto dela, fazendo com que tocasse nele sem o seu consentimento enquanto o afastava.
Ramirez reconheceu que estava embriagada quando os estudantes a desafiaram durante um “drinking game”, e que não lembra exatamente de tudo daquela noite. Mas tem certeza que Kavanaugh estava lá.
Ramirez passou anos trabalhando para uma organização que ajuda vítimas de violência doméstica.
Kavanaugh negou que o incidente tenha ocorrido, chamando de “uma calúnia, pura e simples”. O presidente Trump também minimizou as acusações, dizendo que Ramirez estava “confusa” na festa, porque tinha bebido. Para Trump, os democratas estavam “brincando” com as acusações.
Trump disse que Kavanaugh é “extraordinário”, e acrescentou: “Estou com ele até o fim”.
Julie Swetnick
Na quarta-feira (26), novas acusações bombásticas foram feitas, desta vez por Julie Swetnick, que alega ter estado em várias festas do colégio que também eram frequentadas por Kavanaugh.
Em uma declaração juramentada divulgada por seu advogado, Swetnick diz que viu Kavanaugh “ter uma conduta altamente inapropriada”, incluindo “acariciar e agarrar garotas sem o consentimento delas”.
Swetnick indicou que foi estuprada por garotos em uma das festas nas quais “Mark Judge e Brett Kavanaugh estavam presentes”.
Swetnick, que diz ter trabalhado extensivamente com várias agências do governo dos Estados Unidos ao longo de sua carreira, declarou estar à disposição para testemunhar diante do Congresso se for convocada.
Kavanaugh, em um comunicado divulgado pela Casa Branca, disse que não conhece a acusadora e que as suas acusações estão “além da imaginação”.