Belo Horizonte vai ganhar até o fim de novembro mais uma área destinada de forma exclusiva às atividades físicas e de lazer dos pedestres aos domingos, sem interferência do trânsito. O novo local, que faz parte do programa “BH é da Gente”, será decidido entre duas opções que vêm sendo estudadas pela prefeitura, uma na Região Norte e outra na Região da Pampulha, e vai representar mais uma oportunidade para abrir espaço às atividades físicas na cidade de forma mais livre, longe dos carros – prática para a qual a capital é considerada a segunda mais amigável por uma pesquisa da Revista Saúde com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). O estudo, que considerou uma série de variáveis, mostrou BH atrás apenas de São Paulo no índice obtido pelos pesquisadores (veja ranking). A secretaria belo-horizontina de Esportes e Lazer comemorou o resultado, festejado também por pessoas que se exercitam pelas ruas do município. Porém, esses esportistas, de fim de semana ou não, esperam avanços nesse sentido, o que significaria aumento na qualidade de vida da população.
A pesquisa levou em consideração critérios como acesso a espaços de lazer, acesso ao transporte público, desenho urbano, estrutura viária para atividade física, trânsito e criminalidade. Com base nesses domínios, os pesquisadores desenvolveram pontuações para todas as capitais brasileiras levando em consideração indicadores como arborização, instalações esportivas, quantidade de ônibus e micro-ônibus, densidade populacional, densidade residencial, iluminação pública, pavimentação de vias e índices de criminalidade e violência (veja quadro). Depois da análise desses pontos, cada cidade foi ranqueada levando em consideração uma pontuação chamada de Z-escore, em que colocou BH com 0,88, atrás da capital paulista, que ficou com 1,15.
Segundo o secretário de Esportes e Lazer de BH, Elberto Furtado Júnior, o resultado tem que ser comemorado, porque a análise levou em consideração um conjunto de fatores. “É uma gama de elementos que foi usada nessa pesquisa, e por isso só nos orgulha. Não foi nenhum ponto específico em que nos saímos bem, o estudo aponta vários tópicos”, afirmou o secretário. A secretaria mantém uma série de programas destinados às práticas esportivas e de lazer, sendo que um deles vem chamando a atenção, por destinar aos pedestres, aos domingos, espaços ocupados durante a semana pelos carros.
Batizado de BH é da Gente, o programa prevê não só o fechamento de ruas ou avenidas, coisa que já acontece nos pontos em que é adotado o programa “Domingo a Rua é Nossa”, mas também o desenvolvimento de atividades. O primeiro espaço foi a Praça da Savassi, que já recebeu uma série de atrações, como shows, exibições esportivas, além de destinar espaço livre para quem anda a pé no coração da cidade. Depois, o programa se expandiu para a Avenida Silva Lobo, no Grajaú, Oeste de BH, e agora vai ganhar um terceiro endereço.
Segundo o secretário, o novo local estará na Região Norte ou na Região da Pampulha. Furtado não quis adiantar o endereço que está sendo estudado em cada regional, mas disse que até o dia 30 deste mês a decisão será tomada, com inauguração do programa no novo ponto até 30 de novembro. A intenção, segundo o secretário, é expandir o programa para todas as regionais, mas não há prazo definido para isso. “O importante do BH é da Gente é que ele leva atividades para locais mais amplos”, afirma.
A classificação
A colocação de cada capital no ranking geral das cidades amigas da atividade física foi obtida por um índice chamado Z-escore, que considerou diversas variáveis:
Critérios urbanísticos
» Acesso a espaços de lazer
» Acesso ao transporte público
» Desenho urbano
» Estrutura viária para atividade física
» Trânsito
» Criminalidade
Princípios
» A atividade física deve ser um direito e uma opção para todos os moradores da cidade
» Todos devem ter acesso e condições para realizar atividade física em seu dia a dia
» As cidades devem reduzir a desigualdade nos níveis de atividade física no tempo de lazer (tempo livre) e como forma de transporte, particularmente nos grupos de maior risco para inatividade física (mulheres, idosos, crianças e pessoas com menor renda e escolaridade)
» Devem propiciar acesso a locais para a prática de atividade física e a transporte público com qualidade e segurança
» Devem manter políticas, planos e infraestrutura para garantir oportunidades para o transporte de pedestres e ciclistas
» O desenho urbano deve favorecer as oportunidades para a prática de atividades físicas no lazer e no transporte
Indicadores
» Arborização de vias públicas
» Instalações esportivas
» Quantidade de ônibus e micro-ônibus
» Densidade populacional
» Densidade residencial e comercial
» Iluminação e pavimentação de vias públicas
» Calçadas em vias públicas
» Homicídios por armas de fogo
» Homicídios de mulheres
» Mortes em acidentes de trânsito
» Atividade física de lazer e de deslocamento