Se há uma semana a torcida do Cruzeiro deixava o Mineirão triste em função do empate por 1 a 1 com o Boca Juniors, que eliminou o time da Copa Libertadores, a noite desta quarta-feira terminou em festa. Diante de mais de 53 mil torcedores, o meia Thiago Neves fez justiça à fama de sempre brilhar em decisões e chamou a responsabilidade no confronto de ida da decisão da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Ele marcou o gol da vitória cruzeirense, aos 45min do primeiro tempo, ao cabecear a bola cruzada pelo lateral-esquerdo Egídio. Também foi responsável por um chute na trave, aos 34min da etapa inicial, e de assistências precisas para Henrique e Dedé quase balançarem a rede em finalizações de cabeça.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
A grande atuação de Thiago Neves teve todo um sistema por trás. Enquanto o incansável Rafinha corria pelo lado esquerdo, dando trabalho à marcação de Fagner, os volantes Henrique e Ariel Cabral – surpresa de última hora de Mano – contabilizavam inúmeras intervenções no meio-campo, dando o menor espaço possível aos paulistas. Prova disso é que o goleiro Fábio não fez uma defesa sequer em 90 minutos. Cássio, por sua vez, trabalhou bem tanto na primeira quanto na segunda parte.
Na próxima quarta-feira, às 21h45, na Arena Corinthians, Raposa e Timão escrevem o segundo capítulo da final da Copa do Brasil. Ao Cruzeiro, um simples empate basta para alcançar o sexto troféu e se tornar o maior vencedor da história da Copa do Brasil. Pelo quarto título, o Corinthians precisa ganhar por dois gols de diferença. Vitória alvinegra por um tento de vantagem levará a disputa para os pênaltis. Quem conquistar a taça faturará R$ 50 milhões, além dos 11,9 milhões acumulados pelas classificações nas três fases anteriores (oitavas de final, quartas de final e semifinal), e, claro, garantirá presença na etapa de grupos da Copa Libertadores de 2019.
A torcida celeste pode até ter ficado temerosa pela ausência do camisa 10, mas assim que a bola rolou, a confiança no triunfo foi retomada. Tudo porque o meia Thiago Neves, outrora criticado em função da temporada oscilante em 2018, mostrou o bom futebol que o fez ganhar rótulo de ‘cara das decisões’. Desde os primeiros minutos, ele procurou participar da construção de ataques, servindo de referência para os laterais Egídio e Edilson e os ‘pontas’ Robinho e Rafinha. Aos 18min, Thiago carregou a bola na intermediária e chutou rasteiro, exigindo rebote de Cássio. Na sequência do lance, cabeceou por cima após cruzamento de Edilson.
Enquanto Thiago Neves tinha liberdade para pensar, virar a bola e até mesmo prendê-la, o Corinthians encontrava dificuldades diante do bom posicionamento da marcação cruzeirense. Grande parte das tentativas de avanço do Timão em jogadas pelo meio foi desarmada pelos volantes Henrique e Ariel Cabral. Se a alternativa era recorrer às beiradas, com Ángel Romero e Clayson, lá estavam Egídio e Edilson para o combate. Num beco praticamente sem saída, o Corinthians, em determinados momentos, procurou alongar o passe. Mas aí apareciam Dedé e Leo, sem cerimônias, para afastar o perigo com chutões e fortes cabeceios.
Se o Corinthians não conseguia criar, o Cruzeiro voltou a ir para cima. Aos 34min, Thiago Neves experimentou de pé direito, de fora da área, e acertou a trave de Cássio. Aos 39min, o goleiro corintiano errou o passe na saída de bola para Leo Santos, que acabou obrigado a cometer falta em Rafinha. Na cobrança de Thiago Neves, Henrique cabeceou à queima-roupa e Cássio fez ótima defesa.
O Cruzeiro continuou com a posse de bola no campo ofensivo. Quando o primeiro tempo entrou para os acréscimos, o árbitro Anderson Daronco adicionou seis minutos. Tempo suficiente para, enfim, arrancar o grito de gol da multidão vestida de azul. Aos 45min, Thiago Neves acertou boa inversão de bola para Egídio, que chamou Ángel Romero para dançar e deixou o paraguaio na saudade. Na linha de fundo, o camisa 6 cruzou sem muita força, no segundo poste. Thiago Neves, o mesmo que iniciou a jogada, correu em direção à área, cabeceou a redonda e contou com desvio no zagueiro Henrique para fazer 1 a 0.
Com a vantagem no placar, o Cruzeiro voltou tranquilo para o segundo tempo, enquanto o Corinthians seguiu esbarrando na aplicação tática dos comandados de Mano Menezes. Na tentativa de mudar o panorama da primeira final, o técnico Jair Ventura recorreu ao banco de reservas, colocando Pedrinho e Araos nos lugares de Clayson e Mateus Vital. Nada adiantou. O Cruzeiro continuou melhor e mais próximo do segundo gol do que o Timão de alcançar o empate. Aos 17min, Edilson tabelou com Thiago Neves e cruzou para Barcos, que tirou demais de Cássio e cabeceou para fora. Aos 29min, mais uma bola pelo alto: dessa vez, foi Dedé quem subiu quase na pequena área e casquinhou de leve, à direita da meta alvinegra.
A última cartada de Jair Ventura no Corinthians foi o veterano Emerson Sheik, de 40 anos, no lugar do também experiente Jadson, de 35. No Cruzeiro, Mano Menezes apostou no fôlego renovado dos garotos Raniel, de 22, e David, de 23, como substitutos dos rodados Barcos, de 43, e Thiago Neves, de 33. No fim das contas, os jogadores que entraram travaram divididas e disputas ríspidas nas intermediárias. Não houve qualquer lance de perigo nos instantes finais. Os paulistas ainda perderam Araos, expulso, depois de uma falta por trás em Robinho. Melhor para o Cruzeiro, que assegurou o 1 a 0 e está em vantagem no duelo de volta, na próxima quarta-feira, na Arena Corinthians.