A assessoria do Museu Nacional, do Rio de Janeiro (RJ), informou na tarde desta sexta-feira que foi encontrado, em meio aos escombros do prédio destruído por um incêndio em 2 de setembro, o crânio de Luzia, considerada a “primeira brasileira”. O fóssil tem 11,4 mil anos.
Neste momento, a direção da instituição vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) dá uma entrevista coletiva, na capital fluminense, para mostrar os detalhes do achado ocorrido há alguns dias, mas só divulgado agora.
Há um mês, o diretor administrativo do Museu Nacional, Wagner Martins, informou que arqueólogos e paleontólogos do Museu Nacional não perdiam a esperança de encontrar o fóssil localizado em 1974 na gruta da Lapa Vermelha, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Não perdemos esperança de encontrar Luzia, que está numa área considerada de risco. Já percebemos, pelas imagens captadas por drones, que no local há muitas peças que podem se resgatadas”, disse o diretor administrativo do Museu Nacional, Wagner Martins.
Luzia, um dos símbolos da maior tragédia do patrimônio cultural do país, traz à tona o nome de uma mulher fundamental nessa história e com uma vida extraordinária destacada pelos estudiosos. A trajetória da arqueóloga Annette Laming Emperaire passa por momentos-chave do século 20, como a Revolução Russa (1917) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Filha de diplomatas franceses e nascida em São Petersburgo, na Rússia, 15 dias antes de os bolcheviques tomarem Moscou, ela seguiu com os pais para a França. Já adulta, ao estourar o conflito mundial, participou da Resistência até cair em desgraça nas mãos dos alemães. Com o fim da guerra, Annette se dedicou à paixão pelas pesquisas e escavações que lhe trouxe ao Brasil e, na década de 1970, a Lagoa Santa, na Grande BH.
Como chefe de uma missão franco-brasileira, encontrou o fóssil humano com datação mais antiga do país, a “Luzia”, e deu nova dimensão aos achados do naturalista dinamarquês Peter Lund (1801-1880).