O derrame não é doença exclusiva de adultos. Mesmo em menor proporção, crianças também são vítimas do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam crescimento de 84% nas internações dos menores de 14 anos em Minas, de 2016 a 2018. Até setembro, 35 casos foram registrados, contra 19 há dois anos. Acompanhamento médico desde o nascimento é a recomendação de especialistas para descobrir a tempo a enfermidade.
Dores de cabeça intensas, dormência em partes do corpo e alterações de fala e humor, por exemplo, são sinais de que algo está errado, alertam os profissionais da saúde. A atenção aos sintomas é reforçada com o Dia Mundial de Combate ao AVC, celebrado na próxima segunda-feira (29). [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
“A criança pode ter a patologia durante a gestação, por problema de coagulação sanguínea da mãe, mas também em toda a infância e adolescência, originando-se a partir de uma doença secundária”, explica a neuropediatra Liubiana Arantes de Araújo, professora do Departamento de Pediatria da UFMG.
Durante a gravidez, a mulher deve se submeter aos exames do pré-natal. Ao nascer, é fundamental que o bebê faça o teste do pezinho. “Para ter a certeza de que não há alterações nas hemoglobinas”, completa a especialista.
Anemia falciforme, enfermidades relacionadas ao coração e inflamações nos vasos sanguíneos podem desencadear o derrame, frisa a médica. “Anormalidades como dor de cabeça intensa demandam a busca por um médico”, afirma Liubiana, que também é presidente do Departamento do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Rápido
O socorro imediato minimiza o risco de sequelas tanto nas crianças quanto nos adultos. Dentre as consequências do Acidente Vascular Cerebral, destacam-se a paralisação de membros, perda da visão e fala e alterações cognitivas. “O importante é chegar ao hospital o mais rápido possível. Em casa, nada pode amenizar o problema”, alerta Daniel Isoni Martins, chefe do setor de Neurologia do Hospital Lifecenter, na capital.
Segundo ele, o que pode atrasar a ida do paciente à unidade de saúde é que a doença não apresenta dor. “Diferente de um infarto, por exemplo”.
Tratamento
De acordo com a pediatra Liubiana Arantes, a recuperação de uma criança vítima de AVC tende a ser mais fácil, se comparada a dos adultos. “Porque o cérebro dela está em desenvolvimento e a capacidade de se reorganizar é maior”.
Os especialistas também recomendam tratamento multidisciplinar, com profissionais de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, por pelo menos um ano após o derrame.