O México ofereceu vistos temporários de trabalho para migrantes da caravana com milhares de pessoas que está passando por seu território em direção aos EUA,
A oferta também inclui carteiras de identidade temporária, auxílio médico, habitação temporária e acesso ao sistema educional para as crianças.
Mas para serem aceitos, os migrantes precisam permanecer nos Estados de Chipas e Oaxaca, no sul do país.
Os EUA avisou que pode mandar tropas para a fronteira com o México para impeder a entrada da caravana nos EUA.
“Eu estou trazendo os militares para (lidar com) essa emergência nacional”, disse o presidente americano Donald Trump em sua página do Twitter. “Eles serão parados!”
Trump também ameaçou cortar auxílio financeiro dos EUA à Guatemala, El Salvador e Honduras e tem feito pressão sobre o presidente mexicano para que o país ajude na crise migratória.
As eleições parlamentares americanas vão acontecer em duas semanas e Trump tem recebido críticas de que está usando a ameaça de imigração ilegal para dar gás a seus apoiadores.
A caravana, que saiu de Honduras há semanas, ainda está a 1,6 mil km da fronteira do México com os EUA.
Sob pressão
O plano, anunciado pelo presidente mexicano Enrique Peña Nieto, cobre migrantes da América Central que fizeram pedidos oficiais de refúgio no México ou pretender fazê-lo num futuro próximo.
O projeto foi chamado de Estas en Tu Casa (Você Está em Casa, em espanhol).
“Hoje o México estende a mão para vocês”, disse o presidente.
Mas acrescentou: “Essa oferta é apenas para quem respeitar as leis mexicanas. É o primeiro passo para uma solução permanente para quem conseguir status de refugiado no México.”
O presidente não falou, no entanto, o que acontecerá com os migrantes se eles deciderem continuar caminhando em direção ao norte.
As autoridades mexicanas estão sob pressão cada vez maior do governo Trump para encontrar uma solução para a crise migratória, informa Will Grant, o correspondente da BBC na América Central.
Os mexicanos estão tentando encontrar um equilíbrio entre atender aos EUA e não dar sinal verde para potenciais caravanas no futuro.
Onde está a caravana agora?
Neste sábado (27), a caravana está na cidade mexicana de Arriaga.
A maiorias dos migrantes diz que não tem inteção de abandonar seus planos de ir para os Estados Unidos.
“A maioria pretende cruzar a fronteira. É minha intenção também”, diz o hondurenho José Santos à BBC.
“Porque, embora a vida aqui seja mais calma do que em casa, ainda não é como nos EUA, onde ficaria melhor. Esse é o objetivo: ter uma vida melhor.”
Anna Lisset Velazquez, também nascida em Honduras, diz que é uma “oferta gentil”, mas que não vai aceitá-la. “Não é plano parar aqui no meio do caminho”, afirma.
Alguns imigrantes, no entanto, descreveram a proposta mexicana como um “plano B” decente.
“Não podemos voltar para Honduras. Então, como segunda opção, estamos melhor aqui”, diz Greville Juan Villanova.
Um porta-voz das Naçõs Unidas disse que mais de 7 mil pessoas formavam a caravana em 22 de outubro, citando estimativas da Organização Internação para Migração.
No entanto, o grupo se dividiu, o que torna mais difícil de determinar o número exato de pessoas.
Os migrantes dizem que estão fugindo de perseguição, pobreza e violências em seus países natais: Guatemala, Honduras e El Salvador.
Como tudo começou?
A marcha partiu de San Pedro Sula, em Honduras, no dia 13 de outubro, formada inicialmente por cerca de mil hondurenhos, que fogem do desemprego e da violência – a cidade é conhecida pelos altos índices de criminalidade.
A notícia rapidamente se espalhou pela imprensa e pelas redes sociais, fazendo com que mais hondurenhos e pessoas de outros países da América Central se juntassem à marcha ao cruzar a Guatemala em direção à fronteira com o México.
A região tem uma das maiores taxas de homicídio do mundo, segundo dados da ONU, e Honduras lidera o ranking global, com 55,5 mortes para cada 100 mil habitantes em 2016 – o Brasil ocupa a sétima posição, com 31,3 para cada 100 mil.
Cerca de 10% da população da Guatemala, El Salvador e Honduras já deixou seus países para fugir da criminalidade, o recrutamento forçado por gangues e as poucas oportunidades de trabalho.
Porque eles formaram uma caravana?
Caravanas de imigrantes desse tamanho são um fenômeno recente.
Embora as pessoas da região migrem para os EUA há bastante tempo e às vezes se unam no caminho, a natureza mais organizada dessas caravanas é algo relativamente novo.
A primeira caravana que saiu de Honduras e chegou à fronteira em abril foi organizada por um grupo que tem se autodenominado Pueblo Sin Fronteiras (Povo Sem Fronteiras).
Para os imigrantes mais vulneráveis – como mulheres com crianças pequenas – a caravana oferece proteção.
O grupo afirma que está tentando chamar atenção aos suplícios sofridos pelos imigrantes em casa e aos perigos que eles correm em sua tentativa de chegar aos EUA em segurança.
Para os imigrantes – especialmente os mais vulneráveis, como idosos e mulheres com crianças pequenas – a caravana oferece mais segurança do que a migração solitária.
Migrantes são frequentemente sequestrados por traficantes de pessoas e por gangues de tráfico de drogas que os obrigam a trabalhar para eles.
Um grupo grande é um alvo mais difícil, portanto, ofecere mais proteção.