Três dias após ser eleito governador de Minas, o empresário Romeu Zema (Novo) avalia quando irá abrir diálogo com os deputados que estarão na Assembleia em 2019. A maioria dos caciques das legendas aguarda ainda um aceno do futuro governador para definir o posicionamento na nova legislatura.
Mesmo com a espera, já há movimentações. O PT tende a ser oposição e tenta formar a maior bancada da Casa. O PSDB, também derrotado na disputa para o Governo do Estado, pretende fazer uma frente “livre e crítica”, mas não de oposição. O Partido Novo trabalha para aglutinar uma base forte com o apoio do PV e pode flertar com o PSL, além de tentar arrebanhar legendas menores. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Nessa primeira semana de conversas, o PT tem adiantado apoios de PCdoB, PTB e Psol, e tentar atrair Rede e PTB. A ideia do bloco é somar de 20 a 28 deputados em uma bancada de forte oposição a Zema. Para tanto, o partido, que elegeu dez representantes, busca aliança com o MDB, que terá sete representantes na Casa no ano que vem.
O deputado André Quintão (PT) aguarda um posicionamento dos emedebistas. “Temos uma parceria histórica com o MDB de Minas Gerais, mas isso depende da posição política que os deputados dos demais partidos vão tomar em relação ao governo Zema”, avisa Quintão.
No núcleo emedebista, há divergências sobre compor uma bancada de oposição ou situação, e muitos parlamentares têm torcido o nariz para uma eventual postura rígida. O deputado Sávio Souza Cruz (MDB) defende a extinção da estruturação das bancadas atuais e aposta que o partido possa tomar uma posição mais flexível na Assembleia. “Os blocos não têm que ser como vêm sendo ultimamente, situação, oposição e um independente. Agora, (continuar com bloco de oposição) eu não acho que é o melhor caminho, até porque estamos diante de um governo que não sabemos como será. Então, como posso tomar partido agora?”, avalia o emedebista.
PSDB
Já no nicho tucano, em reunião realizada ontem com os sete deputados da atual legislatura, o PSDB definiu que irá liderar uma bancada própria, “livre e crítica”, sem posicionamento cravado até então.
Segundo o deputado Gustavo Valadares (PSDB), a postura inicial é a de acompanhamento do governo, e não a de oposição.
“Seremos um partido com liberdade de atuação e postura crítica na Assembleia, torcendo muito para que o próximo governo tenha êxito nas mudanças que venha a propor para transformar nosso Estado naquilo que já foi, uma referência em gestão. Agora, a partir dessa definição, vamos atrás de outros partidos que pensem como nós, para criar um novo bloco na Assembleia”, avalia.
Nesse contexto, Valadares diz que o PSDB não irá, “de forma alguma”, se alinhar a qualquer proposta de bloco independente. “Quem vier tratar conosco de bloco independente começará errado. Este termo não será utilizado por nós em nenhum momento. Este termo foi contaminado ao longo dos últimos anos aqui e a gente não quer o mesmo tratamento que foi dado durante os últimos quatro anos”, completou o tucano.
Segundo informações de bastidores, os tucanos teriam o apoio de ao menos 11 parlamentares, sendo que a maioria rechaça o rótulo de “independente” para formação de uma bancada. Na legislatura atual, o “Bloco Compromisso Com Minas Gerais”, que representaria a bancada independente da Assembleia, com nove partidos, esteve alinhado ao governador Fernando Pimentel (PT).
O deputado Sargento Rodrigues (PTB) é um dos deputados que sinalizou o interesse por um bloco crítico, mas precisa convencer os outros três deputados do próprio partido.
“Vamos conversar com o bloco que era oposição ao PT, vamos conversar com PSDB, vamos com PPS, PSB, DEM. Manter o bloco de oposição é uma das sugestões que eu quero levar. Minha posição é de cobrança dentro daquilo que o futuro governador colocou no plano de governo”, diz Rodrigues.
Governo terá apoio do PV e tenta atrair novatos do PSL
Em outra frente, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) confirmou que tenta formar uma bancada independente na Assembleia Legislativa, tendo consultado 16 parlamentares de partidos como DEM, PP e PHS, que podem não ter interesse em compor blocos liderados pelo PT ou pelo PSDB.
“Acho que é um caminho interessante, manter uma bancada independente, sem interesses atrelados ao governo e sem fazer uma oposição a qualquer custo, claro. Mas são conversas incipientes ainda. Acredito que isso não será resolvido neste ano porque é preciso que os deputados conheçam melhor as intenções do novo governador”, analisa Alencar.
Governo
Já na base governista, além dos três deputados eleitos pelo Novo, o governo de Romeu Zema deverá contar com o apoio dos cinco deputados do PV. Procurada, a assessoria de Zema informou que o governador ainda irá marcar encontros com os partidos para dialogar — não há previsão de quando as reuniões devam acontecer.
Nos bastidores, a ideia da base governista ainda é tentar atrair o apoio formal do PSL, que elegeu seis deputados, mas não estaria disposto a compor uma bancada de situação, mesmo tendo alguma simpatia pelas políticas de Romeu Zema, principalmente após o governador eleito declarar apoio aberto a Jair Boslonaro (PSL), no fim do primeiro turno.
PSL
O deputado eleito Bruno Engler (PSL), que ajudou na coordenação da campanha de Bolsonaro em Minas, diz que o alinhamento de Zema às políticas do presidente da República eleito será fundamental para o apoio dos deputados da legenda ao novo governador.
“Vejo com bons olhos a chegada do Zema. E eu acho positiva (a aproximação do Zema com Bolsonaro), principalmente porque ele não é, aparentemente, atrelado às velhas práticas políticas. Mas dependemos de como o governador vai se posicionar. Para nós, o mais interessante é que seja o mais próximo do Bolsonaro, buscando boa relação com o governo federal”, diz Bruno.
No mesmo caminho, o deputado eleito pelo PSL, Professor Irineu, diz que a tendência do partido é se alinhar com o governador, ainda que não faça parte de um bloco da situação.
“Nossa tendência é essa (compor com o governador), porque o Zema representa a população hoje e o PSL com certeza vai estar com o povo. Mas se estaremos em uma bancada ou não é outro negócio”, diz.
Apesar disso, segundo o presidente do PSL em Minas, Marcelo Álvaro Antonio, o partido se reúne amanhã para definir o posicionamento oficial na Assembleia.