O Globo
HAVANA – Cuba está disposta a manter relações com o governo de Jair Bolsonaro , afirmou nesta quarta-feira o ministro do Comércio Exterior da ilha, Rodrigo Malmierca.
— Não temos problemas em nos relacionar com aqueles que pensam de forma diferente de nós. Isso seria intolerante — declarou a repórteres Malmierca, também titular da pasta de Investimento Estrangeiro, depois de participar das atividades da Feira Internacional de Havana.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
O Brasil é um importante fornecedor de alimentos para a ilha e contrata profissionais da saúde cubanos para o programa “Mais Médicos” desde o mandato de Dilma Rousseff (2011-2016). Apenas este programa representa para Cuba US$ 11 bilhões.
— Não temos dificuldade em manter o programa, que é realizado através da Organização Pan-Americana de Saúde. Não é um programa bilateral. Não há dificuldades de nossa parte. Não temos medo — acrescentou o ministro cubano.
Bolsonaro, que venceu o segundo turno no último domingo, expressou várias vezes a sua intenção de se distanciar de governos de esquerda.
— Nós não vemos nenhum problema. O que vai acontecer? Tem que perguntar a Bolsonaro — acrescentou Malmierca.
O ministro explicou que, apesar do bloqueio imposto por Washington contra a ilha, os cubanos “mantêm relações com todos, inclusive com os Estados Unidos”.
Há poucos dias, uma missão brasileira esteve em Cuba em busca de saídas para um atraso no pagamento de uma dívida do país com o Brasil, que, ao final deste ano, chegaria a US$ 100 milhões. Segundo a diplomacia brasileira, Cuba pediu para reprogramar os pagamentos de suas cotas de 2018 e 2019.
Essa dívida corresponde, em parte, à construção do porto de Mariel — estrutura ainda em obras na região Oeste da ilha, a cerca de 40 km da capital Havana —, financiada pelo BNDES por meio da linha de financiamento à exportação de bens e serviços brasileiros. Como acontece nesses casos, o BNDES pagou a Odebrecht, responsável pela obra, no Brasil, e Cuba virou credora do banco.
Na segunda-feira (29), Malmierca assegurou que a ilha cumprirá com suas obrigações, apesar de uma situação conjuntural negativa, devido ao bloqueio dos Estados Unidos e também a chuvas e secas que atingiram suas plantações. AFP