Ex-presidente do Ipatinga, Itair Machado, de 46 anos, chegou ao Cruzeiro em janeiro como homem forte do futebol na gestão de Wagner Pires de Sá e conviveu com a desconfiança da torcida. Passados dez meses, o cenário mudou. O dirigente goza de bom relacionamento com Mano Menezes, tem o elenco cheio de estrelas nas mãos e ganhou a simpatia dos cruzeirenses graças aos títulos do Campeonato Mineiro, da Copa do Brasil e de posicionamentos firmes. Aprovado em 2018, seu primeiro teste de fogo, ele agora traça os planos para o clube alçar voos maiores no próximo ano. De novo, o calendário terá Estadual, Copa do Brasil, Copa Libertadores e Campeonato Brasileiro. Quais serão as prioridades?
Em longa entrevista Itair Machado revelou os planos para 2019 e a pretensão de transformar o Cruzeiro em uma “máquina” de conquistar em seis anos. Isso, claro, se a gestão atual se consolidar na presidência. Entre as ambições de curto, médio e longo prazo estão o tri da Libertadores, o hepta da Copa do Brasil, o penta Brasileiro, a construção de uma nova Toca da Raposa para abrigar profissionais e categorias de base, além da equação das dívidas totais, hoje na ordem de R$ 400 milhões.
Para o torcedor já ansioso por mudanças no elenco e contratações, Itair adiantou alguns nomes no mercado que agradam à direção e à comissão técnica. Ele também falou da pretensão de ampliar os vínculos de Mano Menezes e das principais estrelas do grupo. As mexidas no elenco serão pontuais e funcionarão, a princípio, à base de trocas. O prêmio milionário da Copa do Brasil, por exemplo, serviu para pagar prêmios aos jogadores e liquidar débitos.
Mudanças na diretoria, nas categorias de base, dívidas na Fifa e a batalha judicial com o Atlético em relação ao ‘caso Fred’ também foram temas dessa sabatina de 1h20 com Itair
Balanço do primeiro ano de gestão
Eu acho que o balanço é positivo. Você assumir um clube na situação que assumimos, sem dinheiro. Todo mundo sabe que a empresa, o futebol, dependem de dinheiro. Conseguimos dois títulos importantes e eu acredito que se não fosse a arbitragem, a gente teria ido para a final da Libertadores. Encaro como muito positivo e um aprendizado também. A gente não sabe tudo. Cada dia vamos aprendendo. Eu acredito que foi muito positivo e, principalmente, para você ter uma noção maior da responsabilidade de títulos. Principalmente o da Libertadores, que todo mundo quer.
Ambições pessoais
Esse primeiro ano como vice de futebol te deixou com desejo de ser presidente do Cruzeiro?
Depois que fui presidente do Ipatinga, descobri que ser presidente é uma responsabilidade maior. Mas eu quero seguir a carreira de executivo de futebol. Porque o presidente ele trabalha de graça e quando dá errado, tudo é o presidente. No cargo que estou, se tudo der errado, se não tivesse ganhado a Copa do Brasil, eu sei que teria recebido muitas críticas. Eu estou me aprimorando e batalhando para ser o gestor de futebol profissional. Não cargo eletivo. Tanto que eu coordenei a campanha, eu sou sócio do Cruzeiro há mais de cinco anos, e não quis entrar no Conselho Deliberativo. Muitos pediram para eu entrar, alguns agora até querendo mudar o estatuto para que sócio possa ser candidato à presidência. Eu já avisei a todos que não tenho esse interesse de ser presidente do Cruzeiro. Não é minha área, mas como fui coordenador da campanha do Wagner e quero ajudar, o Cruzeiro tem muitas jovens lideranças que surgiram que, amanhã ou depois, podem ser presidentes. É difícil fazer um sucessor na capital. A pessoa que está de fora e quer ser presidente, ela não tem noção do que é o futebol, o dia a dia, a responsabilidade, a dificuldade de arrumar o dinheiro. Uma das coisas que vou ajudar é para que o Cruzeiro possa ter vários sucessores para daqui para frente, amanhã ou depois, não passar aperto e não ter gente para dar sequência ao caminho vitorioso do clube.
Você trabalharia no Atlético, assim como o Eduardo Maluf migrou do Atlético para o Cruzeiro e o contrário?
No Atlético eu não trabalharia porque minha imagem sempre foi ligada ao Cruzeiro e sei que os atleticanos não gostam de mim por causa dessa rivalidade. No Atlético, com certeza, eu não trabalharia.
Mas em outros clubes você trabalharia?
Eu, para te falar a verdade, pretendo exercer essa função de executivo por seis anos. Aqui no Cruzeiro. Se der certo politicamente, porque isso envolve a parte política. Para colocar o Cruzeiro no trilho, acredito que vai depender de cinco ou seis anos. E temos planos ousados para o Cruzeiro. Tanto no futebol como na estrutura que precisa ser agregada no futebol. Pegamos o Cruzeiro, o Mano até falou, o Cruzeiro estava ficando para trás. Se você não cuidar, é igual esse celular. Ele está ficando para trás. O futebol está ficando assim, principalmente, na parte médica. Você vê que vai comprando os aparelhos, está sempre surgindo os novos. Para ter esse tanto de jogos, você precisa estar equipado para os atletas terem menos desgaste. Todo mundo fala da idade do time do Cruzeiro, mas você vê o tanto de jogos que o time fez e o tanto que correu. Contra o Corinthians, vários jogadores deles mostraram desgaste, e no nosso não. Acho que é a tecnologia que investimentos e o grande trabalho da comissão. Temos hoje um dos melhores preparadores físicos do país.
Nova Toca
Como que vocês planejam o Cruzeiro daqui a seis anos em relação a resultados, estrutura, zerar dívidas e projeção de títulos?
Um dos grandes empenhos nosso é uma coisa que você ganha muito se tiver os dois centros de treinamentos juntos. O projeto nosso de colocar o junior com o profissional, eles já estão treinando lá, mas não está dando para colocar eles para morar lá por questão de logística, de construção. Mas um dos grandes desejos como dirigente é ter um terreno que abrigaria as duas Tocas, 1 e 2. E estamos nesse caminho. Estamos trabalhando, estudando a viabilidade de terreno. O Cruzeiro precisa disso. Você vê, o Flamengo vendeu alguns jogadores aí e equalizou a dívida. O torcedor não gosta de vender, mas você ter alguns jovens para vender por 40, 50 milhões de euros, é o que vai zerar nossa dívida. Aí depois que o Cruzeiro zerar, evitar vender novos talentos.
O objetivo é ampliar a Toca II?
Não, porque não cabe. O terreno não comporta. Você teria que ter, no mínimo, oito campos de futebol. Teria que ser um terreno maior. A gente estuda a viabilidade de um outro terreno, que tem uma localização boa, para que em um futuro bem próximo a gente possa ter um centro de treinamento da base e do profissional juntos. Como eu gosto de dizer, o São Paulo, que tem dois grandes CTs, não é junto. São poucos os clubes que têm isso junto. Acho que seria muito importante para o futuro do clube, a gente ter isso. O Cruzeiro está investindo hoje no Sub-11, Sub-12. Inclusive, vale a pena fazer uma matéria da safra no Brasil. Safra que a gente fala é da qualidade de jogadores. Daqui cinco, seis anos, o Brasil vai voltar a ser aquela potência que foi no passado. Acompanho e é assustador a qualidade. No próprio Cruzeiro, se fala muito do Estavão, mas não é só ele. Vários outros jogadores lá que têm tudo para brilhar no Cruzeiro.
O que seria feito da Toca I e da Toca II?
Tem que estudar. Criar uma comissão. O Cruzeiro pode fazer grandes empreendimentos imobiliários. Pode fazer permuta, mas quem decidiria é o Conselho Deliberativo. Acho que deveríamos conseguir o terreno sem se desfazer da Toca I e da Toca II. Depois que conseguir o outro terreno e tiver construído, o Conselho é competente para sentar e dar destino aos outros dois terrenos. É muito importante um projeto de formação de atleta que esses dois centros de treinamentos sejam juntos.
Já tem algum local que vocês estão estudando?
A gente tem um grande desejo de conseguir esse terreno para o lado do Rio de Janeiro. Antes do Posto Chefão. Isso porque 80% dos jogadores do Cruzeiro gastam duas hora para ir treinar. Uma para ir e outra para voltar. É difícil. Se você consegue fazer para aquele lado ali, o jogador fica a 20 minutos do CT. Ele economizaria uma hora e meia por dia de logística.
Balanço do Cruzeiro em 2018
Qual a avaliação do primeiro ano de trabalho da atual administração?
Foi muito positivo. A gente vê que o clube mostrou um empenho tão grande dentro de campo que criou uma sinergia muito grande com a torcida. Isso nos fez levar até agora quase 1,2 milhão de torcedores ao estádio. Acho que foi positiva a manutenção da comissão técnica num momento em que ninguém acreditava que eles não ficariam. Quando me reuni com o Mano e apresentei a ele o projeto de ganhar títulos e conseguir pagar em dia as despesas do futebol, nós conseguimos. Ano que vem será mais difícil ainda financeiramente. Mas acredito que a gente tem condições de seguir esse caminho, que é o caminho dos títulos. Para você assumir um clube, tem que conhecer a grandeza do clube. E nós conhecemos a grandeza do Cruzeiro. Todos os clubes divulgando que não fizeram time por causa de falta de dinheiro. E nós pegamos o Cruzeiro sem dinheiro nenhum. E seguimos sem dinheiro nenhum em caixa de rotatividade. Graças a Deus, estamos mantendo. Foi um grande trabalho da nossa gestão de trazer os jogadores e manter os que já tinham. Às vezes você cobra reforços, mas muita gente não sabe: o Fábio não ficaria no Cruzeiro. O contrato dele estava para não ser renovado, e havia proposta de outro clube. Quando eu sentei com ele, ele achou que eu estava indo rescindir. E nós renovamos o contrato dele. Enquanto ele tiver condições, o Cruzeiro estará renovando, porque é um grande ídolo nosso. Queremos que esses jogadores continuem no Cruzeiro o maior tempo possível.
O título da Copa do Brasil foi importante pela premiação milionária ou para reduzir a pressão sobre a diretoria?
Não podemos levar em consideração pressão por títulos. Temos que considerar se estamos fazendo o trabalho certo. A gente tinha. Tanto que, por questão política, me criticaram na internet, e eu fiquei tranquilo. Modéstia à parte, sei fazer futebol, vivo isso desde os 12 anos de idade. E o futebol não é difícil de fazer. Você pega lá as próprias matérias, nas quais os torcedores comentam, e a realidade é aquela que o torcedor está falando. Não foge disso. Acho que o mais difícil foi o dinheiro. O título, além de ter nos dado o prazer da conquista do título, ajudou muito o clube.
Projeção para 2019
Qual é a prioridade do Cruzeiro em 2019?
Ganhar títulos. Vamos trabalhar para ganhar o Mineiro, a Copa do Brasil de novo, o Brasileiro. Até estive na CBF, na sala do presidente. Quando ele assumiu, eu pedi a ele emprestado o cheque da Copa do Brasil. Agora fui lá novamente e falei: ‘agora você adianta o cheque de 2019, pois o Cruzeiro vai brigar pelo título de novo’. Ele me disse: ‘é isso aí, tem que ter confiança’. A gente tem confiança que o Cruzeiro tem uma equipe. O Cruzeiro tem entrosamento. Na final, em vários momentos, o Cruzeiro segurou a bola, cadenciou o jogo, teve um padrão de jogo. Você vê que quando mexe uma peça ou outra, o Cruzeiro tem o mesmo padrão. O Mano tem contrato até dezembro de 2019. Até agora, tudo está certo para ele continuar, a menos que haja uma grande proposta da Europa para tirá-lo do Cruzeiro. Não desvalorizando os outros clubes, mas, dentro do Brasil, pelo que já é o Cruzeiro nas mãos dele, acho que ele não sairia do Cruzeiro. Creio que o Mano vai cumprir o contrato.
A Copa do Brasil seguirá tendo prioridade maior que o Brasileiro?
Acho que sim. Tanto que é uma competição charmosa, todo mundo quer ganhar, e agora com essa premiação… Mas temos uma informação de que a Libertadores terá aumento considerável de prêmios já em 2019.
Sobre o sonho do presidente de ganhar o Mundial. Essa ambição é real?
Até comentei com o Mano sobre títulos. Chegar ao Mundial é fácil. Ganhar o Mundial é difícil. Temos que ter um planejamento nosso dentro desses seis anos de ganhar o Mundial. Esses seis anos nossos passam por isso. É ter um elenco qualificado nesse período. Você não monta o elenco em um ou dois anos, mas com um trabalho de planejamento de posições, quem você acha que vai ficar no clube por mais tempo, para você chegar ao Mundial e não passar vergonha.
Mano Menezes
O Mano estaria disposto a renovar para 2020, 2021? Seria uma sequência até inédita nos últimos anos no futebol brasileiro. (O técnico chegou ao clube em 2015, saiu e retornou em julho de 2016)
Pelo que eu falo com o Mano, para tirá-lo do Cruzeiro hoje teria que ser ou um grande projeto no futebol brasileiro ou um clube da Europa. Pelo que a gente tem, com o Cruzeiro conseguindo equacionar essa dívida para manter salários em dia e o projeto nosso sadio, acho difícil ele sair do Cruzeiro. Porque o que mantém o treinador – o torcedor quer isso -, é ganhar títulos. Mas quem decide somos nós. E na minha opinião, não é só o título que decide se o treinador vai ficar. Se está no caminho certo… Porque título todo mundo quer ganhar. Você tem que estar no caminho do título, porque título todo mundo quer. É igual o planejamento no futebol. Ganhou, teve planejamento. Não ganhou, não teve. Mas a verdade é que todo mundo planeja, só que o planejamento reconhecido é o vencedor.
Embora Mano Menezes tenha contrato até o fim da temporada 2019, caso surja uma surpresa e ele deixe o Cruzeiro em 2019, vocês têm um plano B? De que técnicos você gosta?
Tenho um bom relacionamento com o Mano, a gente conversa muito no dia a dia. O Mano, eu falo sempre, ele é um grande gestor. E uma das coisas que a gente comenta é isso: você contratar treinador é a missão mais difícil do dirigente. Não vou falar nomes aqui, acho que seria até antiético da minha parte citar nomes de treinadores que possam estar empregados, mas acho que teríamos aí no mercado dois nomes que poderiam fazer um trabalho. Mas não fazer um trabalho como o do Mano. Apesar de eu não conhecer o dia a dia desses treinadores, mas o Cruzeiro vai fazer de tudo para não perder o Mano. A gente quer renovar o contrato dele, quer fazer trabalho a longo prazo e falei para o Mano: se você souber contratar e mantiver o grupo, crise de derrubar treinador não vem. Porque para isso ele tem que perder três, quatro, cinco jogos seguidos, tem que estar dando tudo errado. E eu acredito que isso não vai acontecer aqui no Cruzeiro, por mais difícil que seja manter as vitórias por longo prazo.
Qual é o perfil de técnico que você gosta?
Gosto do treinador que também seja gestor, treinador que saiba trabalhar o dia a dia do futebol. Você vê aí os outros clubes, principalmente aqui em Minas, estoura um monte de problemas, aparece na imprensa. O Cruzeiro teve seus problemas, isso é normal, você não consegue manter 31, 33 atletas, como foi a média, mais um monte de funcionários, sem ter problema. Isso é assim, uma empresa é assim, todo lugar é assim. Mas a gente soube administrar. A gente tem uma gestão boa do dia a dia, da nossa diretoria e em conjunto com essa grande gestão que o Mano tem com a comissão técnica. O meu perfil é esse, é de treinador vencedor e que tenha conhecimento tático.
Copa Libertadores
Você revelou que a Conmebol vai aumentar a premiação da Libertadores. O que o Cruzeiro recebeu de oficial?
Extraoficialmente, está tendo um aumento considerável dos direitos de transmissão e vai aumentar o prêmio. Mas, sobre a final (deste ano), é até ruim eu falar aqui, acho injusto chegar à final pela arbitragem. Eu não vejo um grande mérito (do Boca) não, o gostoso no futebol é ganhar. E ali ficou claro que teve armação para o Boca chegar à final. Você pega aí, mesmo o Ríver, no último jogo (semifinal contra o Grêmio), quando o lance foi em dúvida a favor do River, o VAR atuou. Quando o lance foi a favor do Grêmio, o VAR não atuou. Acho que a arbitragem interferiu na decisão da Libertadores. E o grande desafio nosso vai ser esse, vai ser trabalhar os bastidores da Conmebol para que o Cruzeiro não seja roubado novamente. (Cruzeiro foi eliminado pelo Boca nas quartas de final após arbitragens polêmicas na Bombonera e no Mineirão)
E a final da Libertadores em jogo único no Chile, em 2019?
Se fosse para que eu decidisse, acho errado. O charme são os dois jogos, lá e cá, você beneficiar os dois países, igual beneficiaria Argentina e Brasil. É o que o torcedor gosta. Aquele que é o torcedor raiz, nosso mesmo, que vai na arquibancada, que canta, ele não tem condição de viajar para ver a final. Então, eu acho errado isso daí. Mas não é a gente que decide.
Mercado
O clube terá condições de fazer contratações de peso para 2019?
Não posso falar nomes agora, mas vários clubes têm ligado querendo jogadores do Cruzeiro. A saída de engenharia que vamos arrumar é a troca de jogadores, pois não temos recursos para comprar atletas. Se tivéssemos o recursos, hoje ia ao Atlético-PR e comprava o lateral-esquerdo (Renan) Lodi, traria o (atacante) Pablo, jogador que ajudaria muito o Cruzeiro pelo perfil físico, Libertadores. Mas o Cruzeiro não tem esse dinheiro. O torcedor pode saber que, daqui dois anos, estando equalizada essa dívida, vamos fazer do Cruzeiro mais do que é dentro de campo, vamos criar uma máquina dentro de campo. Tenho certeza que com o apoio do torcedor na arquibancada nós vamos conseguir. O caminho agora é este, a troca de atletas.
Prevê quantas trocas?
Ainda vamos fazer reuniões com o Mano. Mas pretendemos trazer um lateral-esquerdo, um atacante de velocidade, um lateral-direito para disputar posição com o Edílson, porque tem sacrificado muito o Lucas Romero. Acredito muito que isso vai dar para fazer, pois tem muitos times que querem jogadores do Cruzeiro. O que o Cruzeiro precisa é qualificar o plantel, não tem de qualificar os 17 praticamente titulares que vem jogando.
O técnico Mano Menezes já disse que “quem chega mais cedo bebe água limpa”. O Cruzeiro está perto de acertar alguma contratação? Já tem algo adiantado?
Tem, já tem uns 15, 20 dias que a gente tem trabalhado pesado, estamos só definindo alguns detalhes para podermos fazer essa qualificação do elenco. O torcedor não precisa esperar grandes nomes, que no aniversário do Cruzeiro vai contratar, pois o clube está sem dinheiro e tem um grande elenco. Todo grande time tem de ter ali uns 17 jogadores titulares. O Cruzeiro tem esses jogadores.
O Cruzeiro fecha 2018 com 31 jogadores no grupo. Qual o número ideal para a próxima temporada?
Acho que, por questão da base, o Mano está olhando aproveitar dois ou três atletas da base, pode ser que esse número passe para 33. Mas quem define, é uma questão exclusiva do treinador. Acho que você contando com a base, dá para disputar a temporada com 33.
Você disse que o Cruzeiro recusou R$ 25 milhões pelo David. Houve arrependimento ou vocês confiam que David no ano que vem pode render todo o esperado?
Houve a proposta de R$ 25 milhões pelos 70% que o Cruzeiro tem, pois os outros 30% ainda são do Vitória. Eu acredito assim: tanto vocês da imprensa quanto o torcedor tem de entender que o jogador que não faz pré-temporada não consegue render o que tem para render. Você vê que quando o De Arrascaeta chegou no CruZeiro, passou por período como o David. De Arrascaeta não era esse jogador que chegava e definia os jogos, que é o que ele é hoje. Pelo momento em que o David chegou, antes de ele agravar a contusão (muscular sofrida ainda no time baiano), os próprios atletas elogiavam, falavam da qualidade do David, dos gols que ele fazia no treino, de direita, de esquerda. Eu acredito que ele vai dar muita alegria para a torcida do Cruzeiro, pois agora ele vai fazer a pré-temporada. E ele fazendo esta pré-temporada, além de a gente estar atrás de um atacante velocista, ele é este outro atacante de velocidade que nós temos.
Bruno Henrique, do Santos, ainda é um sonho do Cruzeiro?
Não é um sonho. Bruno Henrique é um grande jogador. Ele, como vários que tem no mercado, em qualquer momento se tiver como o Cruzeiro contratar, o Cruzeiro vai contratar.
O Cruzeiro sempre teve interesse na volta do Ricardo Goulart. Ao mesmo tempo, ele é visado por Palmeiras e Flamengo. Como está essa negociação? Como é seu contato com o jogador e o agente?
Eu tive uma conversa com o empresário do Ricardo Goulart na quinta-feira. O Goulart realmente deve retornar ao Brasil em janeiro, mas hoje eu vejo ele muito próximo do Palmeiras. Por questão financeira. O Cruzeiro vai ter que fazer muitas trocas de atletas e a troca que o time da China gostaria de ter é o Arrascaeta. Hoje, a gente não pode perder o Arrascaeta para trazer o Goulart. Por questão de adaptação tática e pelo Arrascaeta ser um ídolo da nossa torcida. Não dá. Hoje, no nosso entendimento, você trazer o Ricardo Goulart e gastar 10 milhões de euros, é melhor você pegar esse dinheiro, fazer as trocas no mercado e usar para manter o salário em dia. Hoje, dificilmente para essa temporada que vem ou para as duas seguintes o Goulart vestirá a camisa do Cruzeiro. Até porque ele vai fazer o tratamento dele no Palmeiras. Pela ligação que ele tem como o Felipão, com o Alexandre Mattos e pelo dinheiro que eles têm, dificilmente o Cruzeiro conseguirá bater o Palmeiras nessa. E não bate em nenhuma.
Existiu, de fato, uma oferta do chineses para uma troca de Goulart por Arrascaeta?
Eu tenho um amigo muito ligado ao Guangzhou Evergrande (time do Ricardo Goulart). Ele me disse que a única possibilidade de trazer o Goulart era cedendo o Arrascaeta. Os chineses gostam do Arrascaeta. Eu respondi que assim ficaria difícil, porque queremos o Goulart, mas não queremos perder o Arrascaeta.