A cidade mexicana de Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, já tem 2.750 imigrantes da América Central que percorreram o México em caravana para tentar entrar em território americano.
Tijuana é a última parada no México antes que eles tentem pedir refúgio às autoridades americanas. Há mais de um mês, a caravana saiu de San Pedro Sula, em Honduras, e foi atraindo pessoas de outros países, principalmente Guatemala e El Salvador.
Os imigrantes, que conseguiram chegar à fronteira de ônibus a partir da Cidade do México, estão aglomerados em abrigos, que já estão lotados. O maior dele fica em um complexo esportivo.
Imigrantes da caravana da América Central tomam banho em abrigo temporário em Tijuana, no México — Foto: Rodrigo Abd/AP Photo
E mais imigrantes devem chegar à cidade nos próximos dias, já que outros milhares deixaram a Cidade do México e estão a caminho da fronteira. Segundo o prefeito de Tijuana, Juan Manuel Gastelum, o governo federal estima que a cidade deve receber até 10 mil imigrantes.
Prefeito: ‘Tsunami’
Gastelum criticou as chegadas recentes e disse que pediu ajuda financeira do governo mexicano. Também afirmou que considerava bloquear estradas para impedir que mais imigrantes cheguem a cidade.
“Nenhuma cidade no mundo está preparada para receber essa avalanche, se me permitem dizer”, disse em entrevista coletiva. “É um tsunami. Há preocupação entre todos os cidadãos de Tijuana”, acrescentou.
Com muitos parentes vivendo nos Estados Unidos, os mexicanos tradicionalmente apoiam os imigrantes. Alguns moradores de Tijuana expressaram solidariedade. No entanto, um grupo de manifestantes se reuniu para protestar contra a chegada dos imigrantes. Eles gritaram “fora daqui” e pediram que os viajantes voltassem aos seus países.
Fronteira bloqueada
Do outro lado da fronteira, a cidade californiana de San Diego continua em calma na presença de soldados que foram enviados pelo presidente Donald Trump para reforçar a região. As guaritas fronteiriças de San Ysidro e de Otay Mesa, que levam à Califórnia, foram fechadas parcialmente, com barricadas e com arame farpado.
Agentes da polícia americana de fronteira são vistos de Tijuana, no México, através da cerca que divide os dois países — Foto: Rodrigo Abd/AP
Além disso, uma nova ordem de Trump, decretada em 9 de novembro, impede a concessão de refúgio para aqueles que entrarem ilegalmente nos EUA, em uma tentativa de dissuadir os centro-americanos que buscam seu sonho americano para escapar da pobreza e da violência de seus países.
Além disso, a nova ordem estabelece que só se pode solicitar asilo nos portos de entrada como o de San Ysidro, em San Diego. Nele, os inspetores processem cerca de 100 pedidos por dia. De acordo com a agência Associated Press, a lista de esperava contava com aproximadamente 3 mil nomes antes da chegada da caravana.
Com isso, os milhares de imigrantes abrigados em Tijuana podem ter que esperar meses para poder fazer o pedido de refúgio.