Vinte e quatro mineiros desaparecem por dia, deixando família, amigos e colegas de trabalho sem pistas sobre o paradeiro. Só até outubro deste ano, o Estado contabilizou 7.267 homens e mulheres, incluindo idosos e crianças, nessa condição. Na tentativa de otimizar as buscas, um novo site da Polícia Civil com fotos e informações dessas pessoas foi lançado ontem.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Vários são os motivos para o sumiço. As razões vão desde conflitos dentro de casa, rebeldia, doenças psiquiátricas e até dívidas financeiras. A suspeita deixa de ser uma hipótese e deve ser comunicada quando há quebra na rotina, conforme afirma a delegada Maria Alice Faria, chefe da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida.
“Se uma filha que mora em uma cidade diferente dos pais tem o costume de conversar com eles por telefone uma vez por semana e, passado esse prazo, a família não consegue contato, é preciso ficar atento e procurar a delegacia imediatamente”, explica.
Essa busca por socorro deve ser feita o mais rápido possível. Os responsáveis devem narrar com exatidão os últimos acontecimentos. “É muito comum os parentes esconderem algo ou não falar tudo de primeira. Em seguida, devem autorizar a divulgação da imagem”, acrescenta a policial.
Com os dados, é produzido um cartaz padronizado para ser distribuído por cidades mineiras e de outros estados, além de projetos sociais e organizações que acolhem andarilhos. A ajuda da família para divulgar o caso é bem-vinda, mas é preciso cuidado.
As pessoas devem utilizar, apenas, o canal de comunicação oficial da Polícia Civil. Telefones e endereços nunca devem ser apresentados. “Não é seguro, porque eles podem ser alvo de extorsão ou de indivíduos que queiram tirar proveito da situação de vulnerabilidade”, reforça a chefe da Divisão de Desaparecidos.
Agonia
Em Belo Horizonte, 1.171 queixas de desaparecidos foram registrados nos primeiros dez meses deste ano. Uma família do Barreiro vive na pele esse drama. O aposentado Luiz Fernandes Gomes Cosso, que iria celebrar ontem 78 anos, sofre de Alzheimer e foi visto pela última vez em 23 de outubro. Ele morava com a esposa, Maria Helena Cosso, de 73, na capital.
A mulher conta que, no dia do desaparecimento, o marido estava muito agressivo e não conseguiu re-conhecê-la devido à doença degenerativa. Não é a primeira vez que Luiz desaparece. Em um episódio anterior, foi encontrado em Betim, na região metropolitana, pela filha. “Estamos tristes e temos rezado muito para que ele apareça. A preocupação é maior porque ele toma remédios controlados e está sem os medicamentos durante esse tempo”, diz Maria Helena.
No ar
O novo site da Polícia Civil foi lançado ontem e já está no ar. O endereço eletrônico é desaparecidos.mg.gov.br. O portal conta com recursos multimídia e novas ferramentas. Áudios, fotos e vídeos poderão ser divulgados pela corporação após a autorização dos familiares.
Segundo o investigador Bráulio Renato de Oliveira, os recursos vão ajudar na resolução dos casos. “Agora temos a possibilidade de ampliar essas imagens, colocar informações completas dos desaparecidos, incluindo a idade atualizada, a data do fato e a cidade”.
A chefe da divisão, Maria Alice Farias, no entanto, reforça que as pessoas devem procurar, sempre, as delegacias para reportar a ocorrência, tanto do desaparecimento quanto da localização.