Lisa Simek desabafou em seu Facebook dizendo que está “fazendo controle de danos” desde que uma professora da filha, de 6 anos, contou à menina que Papai Noel não existe. A mãe afirmou que, ao revelar a verdade, a professora tentou “destruir o espírito” da filha e de outras 22 crianças da sala de aula em um colégio de Montville, na Austrália.
A mãe relatou que a professora perguntou aos alunos qual feriado se aproximava e que, quando eles mencionaram o Natal, ela disse que o Papai Noel não era real e os presentes eram colocados pelos pais embaixo das árvores. Lisa se queixou que, além disso, a educadora também falou a verdade sobre coelho da páscoa e fada do dente. “Ela disse para eles que magia não existe. (…) Estou rezando por um milagre natalino para fazer essas crianças acreditarem pelo maior tempo possível”, escreveu.
Depois que o relato repercutiu nas redes sociais, alunos de jornalismo se ofereceram para escrever cartas fantasiosas com remetentes do Polo Norte, para amenizar a frustração das crianças. Lisa também pediu para que as pessoas parassem de fazer comentários negativos sobre a professora, porque ninguém sabe o que fez ela agir dessa maneira.
De acordo com Cecília Azevedo Lima Collares, professora de psicologia educacional da Unicamp, professores só devem revelar a verdade caso a questão apareça naturalmente, coletivamente, na sala de aula. “O educador não deve impor isso”, explicou.
Contar ou não contar?
Segundo a psicóloga infantil Lena Lois não existe momento certo para contar a verdade para as crianças. Ela explica que não há regra, às vezes se descobre na escola com os amigos, às vezes em casa, mas que “sempre fica um resto de fantasia que tem que ser desvelado pelas famílias”.
A psicóloga dá algumas dicas para saber o momento e a melhor maneira de como revelar a verdade para a criança:
- Responda apenas o que for perguntado e transforme em outros questionamentos aquilo que ainda está em aberto
- Se necessário, diga que aquela pergunta vai ser respondida mais adiante, em outro momento
- Mostre para os irmãos mais velhos a importância da construção dessa fantasia e peça para que não revelem a verdade
- Quando surgir a dúvida, conte a verdade, é direito da criança saber
- Use a literatura sobre fantasias para lidar com a frustração quando a criança é surpreendida na ruptura da ficção
Lena ressalta que é muito importante manter esse imaginário na infância, já que a fantasia é uma forma de entender o mundo dos adultos, que pode parecer muito duro nessa época da vida. “O faz de contas, os personagens, são exercícios para o mundo das emoções”, explica.