A primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrentará nesta quarta-feira (12) um voto de desconfiança sobre a liderança do seu partido, o Conservador. Seus correligionários conseguiram o apoio necessário para iniciar esse processo que pode retirá-la do comando da legenda e, consequentemente, do poder.
O presidente do Comitê 1922, que reúne o grupo na Câmara dos Comuns, Graham Brady, recebeu 48 cartas necessárias dos deputados do partido para convocar a votação.
Theresa May pode perder a liderança do partido se 158 dos 315 parlamentares conservadores votarem contra ela. Se ela perder, May deve renunciar e haverá uma nova votação dentro do partido para escolher um novo líder. Ela permanecerá líder e premiê do Reino Unido, até que o seu o sucessor seja indicado. Se ela ganhar, May não poderá ser desafiada pelos correligionários novamente por um ano.
May reage
May defendeu sua liderança logo depois do anúncio de que ela estará em votação nesta tarde. Ela ressaltou que que uma mudança no comando do partido nesse momento poderia atrasar ou até parar o brexit.
“Um novo líder não teria tempo para renegociar um acordo de retirada. Então um de seus primeiros atos teria que ser estender ou rescindir o Artigo 50, atrasando ou até mesmo parando brexit enquanto as pessoas querem que continuemos esse processo”, disse May. O acionamento do Artigo 50 do Tratado de Lisboa marcou o início do processo formal de saída do Reino Unido da União Europeia.
Ela fez um apelo para que seus correligionários permaneçam unidos “para servir nosso país”. “Estou pronta para terminar esse trabalho”, concluiu o pronunciamento, fazendo referência ao processo do brexit.
May cancelou uma viagem que faria para a Irlanda para tentar negociar uma base de apoio antes da votação, que está prevista para acontecer entre 18h e 20h (16 e 18h de Brasília). O presidente do Comitê 1922 afirmou que o resultado será anunciado o mais rápido possível ainda durante a noite.
Momento crítico
A votação dificilmente poderia ocorrer em um momento pior para May, que trava uma verdadeira batalha para aprovar o acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia no parlamento britânico.
O tratado, que já recebeu o aval do Conselho Europeu, despertou a oposição mesmo entre os próprios conservadores. Após tomar conhecimento do teor do documento, cinco de seus ministros pediram demissão.
Parte dos parlamentares acredita que o acordo faz muitas concessões à União Europeia e não resolverá o problema das fronteiras do Reino Unido. Na oposição ainda estão aqueles que se opõe à saída do bloco e defendem a realização de um novo referendo.
Em uma manobra para evitar uma derrota no parlamento, May adiou a votação que estava prevista para acontecer na terça-feira (12). Por enquanto, não há data para que ela ocorra.
Porém, a premiê segue extremamente pressionada pelo tempo já que em 29 de março o Reino Unido deixa de ser país-membro do bloco europeu.
May não quer adiar a saída do Reino Unido e recusa a realização de um segundo referendo. A ideia que ganhou força nessa semana depois que o Tribunal de Justiça da União Europeia afirmou que o Reino Unido pode revogar o acionamento do Artigo 50 e, assim, abandonar unilateralmente o processo para deixar a União Europeia. O parecer contraria um dos principais argumentos de May para pressionar os parlamentares britânicos a aprovar o acordo.