As investigações sobre a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) chegaram a Minas Gerais. Nesta quinta-feira (13), policiais civis da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro estiveram em Juiz de Fora, na região da Zona da Mata mineira, para cumprir mandados expedidos pela Justiça. Os alvos das ordens judicias são milicianos que atuam no estado carioca.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Além de Minas, a megaoperação ocorreu simultaneamente nas cidades do Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Nova Iguaçu e Petrópolis. O inquérito corre sob segredo de Justiça e a corporação não informou o balanço da operação nem a quantidade de agentes empenhados. “O sigilo é a maior garantia para chegar aos autores e mandantes dos crimes investigados”, frisou.
No total, foram cumpridos 15 mandados de prisão e de busca e apreensão relacionados às mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Em nota, a Delegacia de Homicídios informou que a operação deflagrada nesta quinta faz parte de um inquérito paralelo, mas que envolve suspeitos que teriam ligações com as execuções.
Após o assassinato de Marielle e do motorista, que ocorreu no dia 14 de março, o setor de inteligência da Policia Civil do Rio tem recebido diversas denúncias sobre o duplo homicídio e sobre a atuação de milícia no estado carioca. “Desde que iniciadas as investigações que apuram a materialidade e a autoria dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Delegacia de Homicídios da Capital vem realizando várias operações policiais para possibilitar a checagem e a qualificação de inúmeras informações de inteligência que são coletadas ou transmitidas anonimamente para a unidade”, diz trecho do comunicado encaminhado à imprensa.
Confusão no centro
Durante a ação em Juiz de Fora, a Polícia Militar da cidade foi informada por populares de que homens armados estariam dentro de um carro no cruzamento das avenidas Itamar Frannco com Barão do Rio Branco, no Centro. Os militares foram até o local da denúncia e, após abordagem e vistoria, constataram que se tratavam dos policiais civis cariocas que estavam à paisana e em um veículo descaracterizado. Logo após o incidente, os agentes foram liberados e prosseguiram com as diligências.
Investigação
No último dia 20, o secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, informou que a Polícia Civil já havia identificado alguns dos envolvidos no assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes. “Não podemos ser precipitados. No momento que prende um (criminoso), não prende os demais. Alguns participantes nós temos. Temos que criar uma narrativa consistente com provas cabais que não venham a ser contestadas em juízo. Seria um fracasso que a sociedade não observasse essas pessoas como criminosas e elas não fossem condenadas no tribunal do júri”, disse Nunes.
Na época, ele garantiu que a milícia está envolvida com o crime e disse acreditar na participação de políticos. “Não é um crime de ódio. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução”, disse Nunes. O general revelou, ainda, que pretende entregar o caso solucionado no final do período da intervenção federal, em 31 de dezembro, conforme determina o decreto assinado em fevereiro pelo presidente Michel Temer.
Crime
A vereadora Marielle Franco foi assassinada junto com o motorista Anderson Gomes, na noite de 14 de março deste ano, no bairro do Estácio, na região central do Rio. Eles foram mortos a tiros, quando voltavam para casa, na Tijuca, após participar de evento na Casa das Pretas, na Lapa. A vereadora estava dentro de um carro acompanhada do motorista, que também foi morto, e de uma assessora, que sobreviveu. Os tiros foram disparados de outro veículo.
Eleita com 46,5 mil votos, a quinta maior votação para vereador nas eleições de 2016, Marielle Franco estava no primeiro mandato como parlamentar. Oriunda da favela da Maré, zona norte do Rio, Marielle tinha 38 anos, era socióloga, com mestrado em Administração Pública e militava no tema de direitos humanos.