Criminosos explodiram uma bomba na estrutura de um viaduto na rodovia CE-040, no Bairro Messejana, em Fortaleza, nesta quinta-feira (10). A onda de violência no estado chegou à 9ª noite seguida com 187 ataques confirmados em 43 dos 184 municípios cearenses. O Governo do Ceará confirmou que, após a onda de violência, transferiu 41 membros de facções criminosas do estado para presídios federais, sendo 20 transferências realizadas entre a noite de quinta e a madrugada desta sexta-feira (11).
Os ataques começaram no dia 2 de janeiro, quando bandidos incendiaram ônibus, transportes escolares, veículos de prefeituras, prédios públicos e comércios na capital e no interior. Já foram confirmadas 186 ações criminosas em 43 dos 184 municípios cearenses. A Secretaria da Segurança Pública comunicou que 287 suspeitos de envolvimentos nos crimes foram detidos. Os atentados iniciaram após o anúncio de medidas do governo para tornar mais rígida a fiscalização nos presídios cearenses.
Entenda o que está acontecendo no Ceará
- O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios.
- O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
- Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior ao longo da semana.
- O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
- A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções frequentes no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
- Onda de violência no Ceará afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair de 85% para 65%.
Explosão em viaduto
A bomba foi explodida na parede do viaduto por volta das 22h. O barulho da explosão foi ouvido por moradores de bairros vizinhos. De acordo com uma moradora da região que não quis se identificar, a explosão gerou um tremor nas casas vizinhas. “Foi um estrondo muito forte, tipo como se tivesse uma implosão de um prédio”, comentou.
De acordo com a Polícia Militar, parte do explosivo não detonou e por conta disso a área do viaduto foi isolada. Uma equipe do esquadrão antibombas da Polícia Militar foi acionado para o artefato e evitar uma nova explosão.
Na madrugada de quarta-feira (9) também houve explosão no viaduto da estação da Linha Sul do Metrô de Fortaleza do Bairro Parangaba, em Fortaleza.
Presos transferidos
Como reação aos crimes, o Governo do Estado confirmou que mais 20 membros de facções criminosas que estavam detidos no Ceará foram transferidos para presídios federais em outros estados. As transferências ocorreram entre a noite de quinta e a madrugada desta sexta-feira. O governo não informou a identificação dos detentos nem os estados em que eles foram levados.
O Ministério da Justiça confirmou que foram transferidos 15 presos do Ceará para o presidio federal de Mossoró. A operação foi finalizada na manhã desta sexta-feira, com escolta conjunta da Polícia Rodoviária Federal, Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e agentes do Governo do Ceaará.
O governador Camilo Santana já havia confirmado, em entrevista na quarta-feira (9), que 21 chefes de facções criminosas que estavam presos no Ceará foram levados para unidades federais, totalizando 41 transferências.
O Governo Federal já havia oferecido 60 vagas para receber criminosos do Ceará.
Motivação dos atentados
Os atentados começaram após uma fala do novo titular da Secretaria de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, que afirmou que iria acabar a entrada de celulares nos presídios e encerrar a divisão de presos nas detenções conforme a facção criminosa a que pertencem.
O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, afirmou que a nomeação do novo gestor das unidades prisionais motivou o início dos ataques. Em pichações em prédios públicos e residências, os criminosos pedem a saída de Mauro Albuquerque. “A criminalidade já conhecia o trabalho dele”, afirmou André Costa.