A Polícia Civil, através da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), recebeu nesta quarta-feira (16) mais nove relatos de mulheres que alegam terem sido abusadas pelo cardiologista Augusto César Barretto Filho, de 74 anos, durante consulta médica, em Presidente Prudente. No total, já são 26 denúncias.[pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Nesta segunda-feira (14), o Ministério Público Estadual (MPE) apresentou à Justiça denúncia criminal contra o profissional pelo crime de violação sexual mediante fraude e pediu sua prisão preventiva.
Além dos nove novos comparecimentos, a DDM também recebeu nesta quarta-feira (16) outras sete ligações de mulheres que disseram terem sido vítimas do médico.
A delegada responsável pelas investigações, Adriana Pavarina, informou que uma das vítimas que compareceram à DDM nesta quarta-feira (16) alegou que sofreu abusos do profissional de saúde há 25 anos. Ela será relacionada como testemunha nos novos inquéritos, já que transcorreu o prazo decadencial para a realização da denúncia, segundo a delegada pontuou.
Conselho de Medicina
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu sindicância para investigar os casos de abuso sexual que, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, foram cometidos pelo médico cardiologista Augusto César Barretto Filho.
O conselheiro regional do Cremesp na região de Presidente Prudente, Henrique Liberato Salvador, afirmou nesta quarta-feira (16) que a investigação será conduzida pela Câmara Técnica de Assédio Sexual do órgão, criada para apurar esses tipos de casos.
Em nota oficial, o Cremesp apontou que as novas denúncias contra o cardiologista serão juntadas à investigação em curso.
A sindicância segue sob sigilo determinado por lei.
Ainda segundo o Cremesp, o pedido de cancelamento de registro profissional, apresentado pelo médico, foi indeferido, uma vez que ele responde à sindicância.
“Tal cancelamento tornaria nulas as consequentes medidas punitivas”, esclareceu o conselho.
A investigação
A delegada Adriana Pavarina explicou em entrevista nesta terça-feira (15), como ocorreu a investigação do caso.
“O inquérito foi instaurado de ofício, por portaria, a partir do registro do Boletim de Ocorrência feito por uma das vítimas, em meados de julho de 2018″, salientou.
“Iniciado esse inquérito policial, como nós da DDM já tínhamos conhecimento de outros Boletins de Ocorrência registrados no passado e inquéritos que tramitaram aqui nesta Delegacia de Defesa da Mulher em que ele [médico] foi investigado, nós, diante da presença de indícios de autoria, instauramos o inquérito policial e, para averiguar a existência de outras vítimas, requisitamos da operadora de plano de saúde em que essa vítima teve a consulta atendida por esse médico a relação de pacientes e, a partir daí, buscando novas provas e novas vítimas de forma aleatória e exemplificativa, notificamos todas as pacientes ou algumas delas e, ao longo do inquérito, foram localizadas diversas outras vítimas que confirmaram a prática de atos libidinosos semelhantes descrevendo o mesmo modus operandi utilizado pelo médico”, relatou a delegada.
Defesa
O advogado Emerson Longhi, que atua na defesa do médico Augusto César Barretto Filho, afirmou nesta quarta-feira (16) que ainda não recebeu intimação formal da Justiça sobre o caso.
Longhi também manteve a declaração de que não deseja se manifestar sobre o assunto, “em respeito ao cliente, aos familiares do cliente, às mulheres e aos familiares destas mulheres”, e que o fará somente no processo.
“Apenas tive conhecimento da mesma [denúncia] por grupos de WhatsApp e pelas redes sociais. A defesa nesse momento nada pode declarar, além de que o processo corre em segredo de Justiça”, declarou.