Engana-se quem imagina que as entidades comunitárias e os movimentos sociais de Itabira estão parados neste início de ano. Tomemos como exemplo a Interassociação, uma das referências da comunidade itabirana: neste mês de janeiro a ‘Inter’ não realizou uma reunião da Assembleia Geral Ordinária, como era esperado por várias entidades comunitárias, e fez um “recesso” no atendimento ao público, que só foi retomado no dia 15 de janeiro. Mas os principais diretores da entidade, que congrega as associações de moradores dos bairros e das comunidades rurais de Itabira, estavam às voltas com várias atividades necessárias para o bom funcionamento e a organização dos trabalhos que deverão ser realizados durante todo o ano recém-iniciado.
Uma das principais ações em andamento é o registro do novo estatuto da entidade, aprovado em 20 de dezembro de 2018, e a implantação das mudanças aprovadas neste importante documento, entre elas a alteração da Razão Social da Interassociação, que volta a ser “Interassociação dos Amigos dos Bairros de Itabira”, nome formalmente utilizado pela entidade desde a sua fundação até a segunda metade da década passada, quando foi alterado, trazendo diversos transtornos às diretorias mais recentes, sendo até mesmo questionado formalmente por outra organização que já usava a sigla Icreci, que nos últimos anos resumia o nome “Interassociação – Centro de Referência das Entidades Comunitárias de Itabira”.
Outra ação em andamento é a renovação do Conselho Fiscal da Interassociação, cujo funcionamento teve algumas regras alteradas no novo estatuto e terá uma nova composição a partir do dia 3 de fevereiro de 2019, quando será realizada a primeira reunião deste ano da Assembleia Geral Ordinária da Interassociação e um dos principais itens da pauta será a eleição do novo Conselho Fiscal, seguida da posse, que será realizada ainda durante a mesma reunião.
Também está sendo preparada a primeira prestação de contas da atual diretoria da Interassociação, que teve aprovada no novo estatuto a apresentação da situação financeira da entidade a cada três meses, durante a reunião da Assembleia Geral Ordinária – ou seja: ao completar em janeiro de 2019 seu primeiro trimestre de mandato, a diretoria apresentará na reunião do dia 3 de fevereiro as informações sobre suas receitas, despesas, recebimentos, pagamentos, dívidas e/ou pendências para conhecimento dos representantes das entidades filiadas à Interassociação e demais presentes à reunião.
Portanto, não se enganem: a Interassociação e as associações de moradores dos bairros e comunidades rurais de Itabira estão trabalhando, em intenso movimento, e durante todo este ano muito ainda precisa ser feito para cumprirem seu papel junto à população de cada comunidade e junto aos órgãos públicos e outras organizações parceiras e colocar em prática o que se espera dos representantes da nossa sociedade, seja através das próprias entidades comunitárias ou por meio da apresentação dos anseios da população junto aos órgãos públicos, conselhos municipais, empresas e outras organizações.
Até breve!
COLABORAÇÃO DOS LEITORES
Recebi há alguns dias, do nosso amigo e leitor assíduo José da Costa Dias – Zezito, um texto escrito pelo seu neto de 19 anos, estudante da Unifei-Itabira, o Mateus Drumond, que também é leitor da nossa coluna. Transcrevo abaixo o texto do jovem Mateus, que nos traz motivos para reflexão, mas também uma surpresa ao final… Confiram a seguir:
“O medo
A violência sempre foi um problema enorme no Brasil e cresceu (ou ficou mais evidente) nos últimos anos, inclusive na nossa cidade. E o medo assola a população, fazendo com que muitas pessoas mal saiam de casa pra comprar sequer um pão, com receio de um infortúnio. Certamente isso não é diferente para mim, que sempre fico com o ‘pé atrás’ antes de andar nas noites da cidade, afinal a coisa está tão feia que os semáforos já não podem manter os carros parados, tamanho é o perigo que nos cerca. Porém, não dá para ficar a vida inteira esperando a noite virar dia para sair da caverna e um clássico ‘ranca’ me chamava na famosa ‘Arena Didi Andrade’, que é como chamávamos nosso campo – uma rua esburacada e cheia de carros estacionados no Bairro Santo Antônio. Jogávamos sempre até o fim da noite e todos iam ‘mortos’ para suas casas. Eu morava longe de todos e para ir embora era ‘eu e minha canela’. Em uma dessas voltas para casa, a criminalidade estava em seu apogeu; o céu estava sem brilho, apático e introvertido; as ruas pareciam encurvar-se rumo a um pasmo precipício, meus olhos amarelos ‘de coruja’, a barriga ‘de férias na Sibéria’, o cérebro como um drone americano tateando o território iraquiano e meu corpo andando por mero impulso rumo ao final da aparentemente interminável Avenida João Pinheiro. Meu ‘sistema’ estava atualizado e eu estava preparado para qualquer movimento brusco, com várias alternativas: um recorde de 100 metros rasos em 9 segundos ou um ‘uppercut’ seguido de um ‘overhand’ de direita e três ‘jabs’, aprendidos com severos minutos de vídeos de lutas de boxe. Eu não poderia estar mais preparado… e um pouco depois de passar da metade da avenida uma voz direcionada a mim me paralisou por completo, um suor frio escorria feito cola quente, o céu se fechava cada vez mais e o chão parecia se abrir feito um redemoinho…
O vento, então, trouxe o som que finalmente chegou aos meus ouvidos, vindo de uma mulher que esperava no ponto de ônibus: ‘Quanta seriedade! Coloca um sorriso nesse rosto, menino!’.”