EXAME
São Paulo – Jean Wyllys, eleito pela terceira vez consecutiva deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, decidiu não assumir o mandato. [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
Ele está fora do Brasil em férias, em um local não revelado, e não pretende voltar. A decisão foi divulgada em entrevista exclusiva para o jornal Folha de São Paulo publicada nesta quinta-feira (24).
“Essa não foi uma decisão fácil e implicou em muita dor, pois estou com isso também abrindo mão da proximidade da minha família, dos meus amigos queridos e das pessoas que gostam de mim e me queriam por perto”, diz o parlamentar.
Wyllys diz que decidiu deixar a vida pública e se dedicar a retomar sua carreira acadêmica devido a ameaças recebidas no país.
Desde o assassinato de Marielle Franco, sua companheira de partido, em março do ano passado, Wyllys vive sob escolta policial: “Eu não quero ser mártir. Eu quero viver.”
Ele diz que outro ponto que pesou foram as revelações recentes de que familiares do ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle e que está foragido trabalharam no gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual pelo Rio de Janeiro.
“Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, diz Wyllys. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”.
Wyllys era professor universitário e escritor e ganhou projeção nacional ao vencer a quinta edição do programa Big Brother em 2005.
Eleito pela primeira vez em 2010, foi o primeiro parlamentar assumidamente homossexual a levantar pautas da comunidade LGBT no Legislativo.