Mais uma vez, os trabalhadores da Vale prestigiaram a assembleia promovida pelo Sindicato Metabase Itabira. Desta vez, a pauta foi o novo cálculo da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), apresentado pela empresa em reunião com a direção do Metabase Itabira na terça-feira passada (15/01). [pro_ad_display_adzone id=”44899″ align=”right”]
André Viana, presidente do Metabase Itabira iniciou a reunião com a execução do Hino Nacional Brasileiro e a oração do Pai Nosso, uma novidade realizada na primeira assembleia dirigida por ele em novembro (ACT 18/19). De acordo com André, “é uma maneira de trazer civilidade ao evento, despertar o prazer no trabalhador de participar de um evento tão democrático, onde ele decide pelo voto, secreto, ações que irão interferir no seu futuro.”
A proposta da mineradora em trocar o Fluxo de Caixa Operacional pelo Ebitda, lucro antes do pagamento de juros, impostos depreciação e amortização no cálculo a ser distribuído no programa, foi um dos temas o tem que dominaram a reunião. De acordo com André, “a proposta da Vale substitui indicadores para proteger a PLR futura quanto a variações proporcionadas pelo aumento de impostos e tributos, e também anula o efeito de aumento nos volumes de estoques de minério nos pátios. Mas há algo de estranho no ar pois a empresa afirma que o empregado “não tem nada a ganhar ou perder” que é “trocar seis por meia dúzia, oras, então, pra que mudar??? Mas tudo isso cabe ao trabalhador ter seu entendimento e votar”.
A proposta da empresa em não pagar PLR ao empregado que estiver sob licença médica, excluindo as licenças maternidade e as acidentárias, também foi motivo de debates. André repetiu suas palavras em entrevistas anteriores: “… ninguém quer adoecer e nunca sabe quando acontecerá, não pagar a PLR compromete sua renda familiar. É injusto, mais injusto ainda é um trabalhador da Vale, do alto escalão, ganhar R$200 mil sem nunca ter dirigido um caminhão, ou ter o minério queimando em seus braços debaixo do sol durante horas. É injusto, é triste, é vergonhoso. No momento em que o trabalhador mais precisa de dinheiro para suprir as despesas por causa de sua doença, acamado, a empresa Vale, umas das mais ricas do mundo, corta a PLR deste trabalhador responsável pela riqueza dela. Quem entende isso?
A cobrança da empresa do empréstimo de um salário do trabalhador em 2015 (não houve PLR naquele ano) em duas parcelas também foi criticado pelo sindicalista. O telão instalado no evento mostrava a capa de um jornal da cidade que em manchete mostrava a dívida de R$150 milhões da empresa com o município. Mostrava também a dívida da empresa (R$275 milhões) com a Previdência Social. “Quem deve, pode cobrar? Com que direito? Nunca pensei que chegaríamos ao cúmulo de pegar dinheiro com a empresa e ter que pagar arbitrariamente, de forma tão estúpida. Somos redescobridores sim Vale, estamos realmente vendo quem você é” declarou André Viana.
O teto máximo da PLR (sete salários) foi outro ponto de discórdia: “Porque a Vale limita literalmente nossa ganho por produtividade, mas não impõe um ganho mínimo?? Estaremos encaminhando um ofício à empresa solicitando agenda para discutirmos essa situação, queremos diálogo sim, queremos entendimento, queremos que nos convença da sua política em defesa do trabalhador. Essa atitude (teto mínimo da PLR) em conceder tal benefício irá demonstrar que ela está interessada em discutir verdadeiros benefícios aos trabalhadores” A palavra final coube a Carlos Estevam “Cacá”, vice-presidente da instituição, que em um discurso inflamado e emocionado lembrou dos seus 33 anos de Vale. Disse que a empresa tem tratado os trabalhadores de forma diferenciada e foi aplaudido quando citou Charles Chaplin, em sua atuação no filme “O Grande Ditador”: “Nãos sois máquinas, homens que sois”.
A assembleia, dividida em duas partes (manhã e tarde) teve como resultado final:
Votantes: 542
Sim: 322
Não: 185
Brancos: 4
Com este resultado os trabalhadores aprovaram a proposta de novo cálculo da PLR apresentada pela empresa para este ano e que será paga em 2020.